Nada deixa mais agitado um militante da Confederação Nacional Pró-Covid-19 do que ler na imprensa, uma vez a cada morte de bispo, algum número positivo em relação à epidemia. A junta de “autoridades locais”, economistas de centro-esquerda e comunicadores que hoje administra o noticiário sobre o coronavírus só permite que seja divulgado um tipo de informação – a que anuncia o fim do mundo a curto prazo, com recordes na “média móvel” de mortos, da escassez de leitos de UTIs ou da falta de covas nos cemitérios, e tudo isso por culpa do “genocídio” que estão praticando na presidência da República.
É raro ouvir alguma coisa boa em relação à covid-19, pela excelente razão de que há bem pouca coisa boa para ser dita. Mas fatos não deixam de ser fatos por serem pouco frequentes. Um deles é a vacinação. No momento, é a principal, ou a única, luz na saída do túnel – e justamente por isso as notícias sobre o número de vacinados são as que mais irritam os comissariados de gestão da pandemia.
O problema, aparentemente insolúvel para o consórcio pró-pânico, é que os números são bons – e falar deles dispara acusações automáticas de “negacionismo”, “bolsonarismo” ou coisas ainda piores. O Brasil começou a vacinação no dia 18 de janeiro; foram aplicadas, naquele dia, 112 vacinas. Em cerca de dois meses e meio, as equipes municipais e estaduais vacinaram mais de 17.600.000 pessoas, o que mantém o Brasil como o quinto que mais vacinou (em número absoluto, e não proporcional, de pessoas).
O Brasil vacinou mais gente, é claro, porque tem população maior e uma quantidade crescente de vacinas – mas que pecado pode haver nisso? Levando em conta uma população total por volta de 210 milhões de habitantes, e subtraindo cerca de 55 milhões de menores de 18 anos, resulta que um pouco acima de 11% da população adulta foi vacinada até agora (ou 8,78% da população total).
Diante disso, você pode dizer duas coisas: “Só 11% da população recebeu vacina contra a covid-19” ou “Já foram vacinados 11% da população”. Questão de ponto de vista, claro, mas o que importa saber é que o total de brasileiros imunizados aumenta em ritmo de progressão geométrica. Se o ritmo não aumentar (e não diminuir), permanecendo sempre nas 680.000 aplicadas no último dia 31 de março, o Brasil vacinará mais de 20 milhões de pessoas em abril. Nos cinco meses seguintes, receberão pelo menos a 1ª dose outros 100 milhões; quase toda a população brasileira maior de 18 anos, então, estará imunizada. A única exigência física para isso tudo é que haja vacinas. Sem vacina, todos esses números viram um grande zero.
Os comitês da desgraça permanente ficam por conta quando ouvem essas coisas. Dizem que as somas estão erradas, ou que os números são ilegítimos, ou que você é a favor da cloroquina. Mas não muda nada. Não é assinando manifestos que vão fazer a vacinação parar.