A Força Aérea Brasileira (FAB) interceptou três aeronaves no período de dois dias em pontos diferentes do país, algo incomum, sobretudo por não serem operações planejadas. Todos os casos foram resultado de vigilância por radar e acionamento de caças para impedir a continuidade dos voos.
O Código Brasileiro de Aeronáutica (Lei n.º 7.565/86) prevê situações em que as autoridades podem determinar que a aeronave que está voando de maneira irregular pouse imediatamente no aeródromo que lhe for indicado, sob pena de abate. Foi o que aconteceu nos três episódios registrados entre os dias 9 e 10. Em Santa Cruz do Rio Pardo (SP), um avião que fugia dos caças A-29 Super-Tucano da FAB partiu-se ao meio ao fazer pouso forçado numa plantação de laranjas. A aeronave foi detectada quando cruzou a fronteira do Paraguai com o Brasil, sem plano de voo comunicado à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
O avião, um Cessna 182, estava com Certificado de Aeronavegabilidade (CA) suspenso e tinha matrícula clonada de outra aeronave, destruída pela Polícia Federal na terra indígena Yanomami, em maio de 2023. Os pilotos da FAB determinaram que o piloto pousasse em Londrina (PR), mas ele continuou voo, até ser encurralado e optar pelo pouso forçado na plantação de laranjas. A aeronave quebrou ao realizar o procedimento. Estava carregada com 565 quilos de pasta base de cocaína. O piloto fugiu para uma mata, mas foi localizado e preso pela PF, por tráfico internacional de drogas.
No mesmo dia, um helicóptero utilizado no transporte de ouro extraído clandestinamente da reserva Yanomami, em Roraima, foi interceptado em ação conjunta da FAB, da PF e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O piloto foi surpreendido no local e preso em flagrante. A ação foi feita por meio de helicópteros federais. Os militares e policiais explodiram a aeronave e, também, inutilizaram cinco acampamentos de garimpeiros. Apreenderam ainda diversos equipamentos, como motores, geradores, bombas d'água, freezers e aparelho de comunicação e conexão de internet via satélite.
A terceira interceptação aconteceu em Mato Grosso, na quarta-feira. Um bimotor Embraer 810 (Sêneca), vindo da Bolívia, ingressou de forma clandestina no espaço aéreo brasileiro (em Rondônia) e desobedeceu as ordens para se identificar. Foi perseguido por duas aeronaves A-29 Super-Tucano da FAB, que deram tiros de aviso. O piloto do avião clandestino optou por realizar um pouso numa área de difícil acesso, no município de Rondolândia (MT). Os tripulantes pousaram e colocaram fogo na aeronave, conseguindo fugir. Não se sabe se estava carregado com drogas.
São três recados ao crime organizado. Bons exemplos de colaboração entre as forças militares e policiais.