Causou mal-estar a informação de que o Rio Grande do Sul ocupa hoje o segundo lugar em redução de tropas dentre todas as polícias militares do país, publicada terça-feira (27) nesta coluna. Em 10 anos, o número de PMs gaúchos passou de 23,1 mil para 17,9 mil, redução de 22,5%, conforme dados compilados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A redução de PMs só é maior no Distrito Federal (31,5% de queda).
O secretário da Segurança Pública do Estado, delegado Sandro Caron, faz uma ressalva necessária: há 10 anos o Corpo de Bombeiros ainda pertencia à Brigada Militar. Com a separação dessas duas corporações, o Estado perdeu 2,9 mil PMs. Menos mal que, em termos de Polícia Civil, o Rio Grande do Sul teve ligeiro aumento no efetivo em uma década, de 17%.
Mas o que fazer para suprir a lacuna deixada pela perda de policiais? Sim, não se iludam: o mais provável é que jamais voltemos a ter cerca de 30 mil PMs, como nos Anos 80 do século 20. Mesmo com seguidos concursos para preencher vagas, como tem feito o governo estadual. É que folha de pagamento costuma ser a maior despesa, em qualquer governo - tanto que alguns sequer conseguem pagar em dia o funcionalismo, realidade vivenciada até pouco tempo atrás pelos gaúchos.
A alternativa possível à perda de funcionários é a tecnologia. Na impossibilidade de colocar uma patrulha de PMs em cada esquina de avenida importante, uma das providências adotadas pela Secretaria de Segurança Pública (aqui e em outros Estados) é o cercamento eletrônico. As principais vias dos municípios mais atingidos pela criminalidade são dotadas de ampla rede de câmeras de vigilância. As imagens são transmitidas em tempo real a uma central de comando. Caso algum veículo roubado passe, o sistema alerta. Carros em alta velocidade, idem. Os policiais conseguem também monitorar criminosos em fuga, acessando em sequência os vídeos nas ruas. Depois mandam as viaturas fazerem um cerco seguido de bloqueio do automóvel suspeito. O resultado é economia de esforços e de pessoal. É o ideal? Não, mas quem diz que governos trabalham com o ideal?
A tecnologia também multiplicou possibilidades no campo do policiamento investigativo, feito pela Polícia Civil (em âmbito estadual). O rastreamento eletrônico de telefones, mensagens, contas bancárias e declarações de renda permite enquadrar esquemas sofisticados das quadrilhas, algo muito mais difícil décadas atrás. O avanço nas perícias, idem.
Ou seja, mesmo com redução de pessoal, nem tudo são más notícias no campo da segurança pública brasileira.
O Brasil tem hoje 404.871 policiais militares e 95.908 policiais civis, além de 17.991 peritos criminais, conforme o estudo. Ao todo, 796.180 profissionais integram as forças de segurança do país. Eles estão divididos em 10 corporações.