A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi objeto de duas ações da Polícia Federal em menos de quatro dias. Na primeira, o alvo mais vistoso foi Alexandre Ramagem, deputado federal pelo Rio de Janeiro e que chefiou a Abin de julho de 2019 a março de 2022. Na outra, nesta segunda-feira (29), os federais miraram em Carlos Bolsonaro, vereador pelo Republicanos do Rio de Janeiro e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
As investigações da PF são parte da Operação Vigilância Aproximada e as suspeitas são de que Ramagem, policial federal de formação, teria aparelhado o serviço de espionagem do governo para favorecer a família Bolsonaro. O ex-presidente diz que é tudo perseguição política.
Anote aí algumas suspeitas da PF que motivaram buscas e apreensões autorizadas pela Justiça contra servidores e ex-servidores da Abin:
- A Abin teria apurado informações sobre o caso das "rachadinhas" — repartição de salário de assessores, para beneficiar parlamentar — no gabinete de Flavio Bolsonaro, senador e filho do ex-presidente.
- Os espiões da Abin também teriam filmado policiais federais que investigavam suposto tráfico de influência por parte de Jair Renan Bolsonaro, também filho do ex-presidente.
- A PF investiga agora a suspeita de que um terceiro filho do ex-presidente, o vereador carioca Carlos Bolsonaro, recebia informações por meio de seus assessores da "Abin paralela".
- A operação Vigilância Aproximada detectou ações da Abin para desacreditar as urnas eletrônicas.
- A Abin teria também monitorado a promotora de Justiça que atuou no caso do assassinato da vereador Marielle Franco (PSOL-RJ), vigiado os ex-deputados federais Rodrigo Maia (PSDB-RJ) e Joice Hasselmann (PSDB-SP), espionado o petista Camilo Santana (quando ele era governador do Ceará) e investigado suposta associação de petistas ao Primeiro Comando da Capital (PCC), maior facção criminosa do país.
Conforme as investigações da PF, a Abin teria ainda usado um aparelho israelense para detectar o uso de celulares. Ele teria monitorado o uso dos telefones de até 30 mil pessoas, com dados guardados no Exterior. Entre os computadores apreendidos na ação desta segunda-feira pela PF está um aparelho utilizado por uma servidora da Abin.
Agora é hora de ver quem levará a melhor nesse embate entre espiões e policiais.