O principal acionista de uma rede de free shops na fronteira Uruguai-Brasil está foragido. Ele é procurado pela Polícia Federal e, também, pela Polícia Internacional (Interpol), que colocou o empresário na Difusão Vermelha — lista de criminosos procurados em vários continentes.
O foragido é o brasileiro Fernando Santos Botti, empresário que atua com free shops em Aceguá e Rio Branco, cidades uruguaias situadas na fronteira com o Rio Grande do Sul. Ele não está apenas foragido, mas também desaparecido. A própria família dele pediu ajuda à Interpol para localizá-lo.
A última notícia que se teve dele é que ingressou na Colômbia a partir de Letícia, cidade colombiana situada na fronteira com o Amazonas. A família registrou o desaparecimento na Embaixada do Brasil na Colômbia e a Adidância da Polícia Federal fez diligências para localização, mas não há, até o momento, notícias do paradeiro do empresário.
Botti, como é conhecido no Uruguai, é réu na Justiça uruguaia por sonegação fiscal do equivalente a milhões de dólares. Conforme documentos a que esse colunista teve acesso, o empresário é apontado pelos uruguaios como responsável pela importação de milhares de toneladas de mercadorias da China, via porto de Montevidéu.
Ele simularia o pagamento apenas parcial dos impostos de importação, revendendo a maior parte dos produtos por meio de contrabando para o Brasil, acusa a Fiscalía uruguaia (Procuradoria de Justiça). Entre os produtos supostamente contrabandeados estão óculos, cigarros, bebidas, calçados, cosméticos e equipamentos eletrônicos.
No Brasil ele também responde a processo na Justiça Federal (por contrabando) e está foragido, com prisão preventiva decretada no âmbito da Operação Hangover - desencadeada pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira (29). A ação, desenvolvida ao longo de um ano, resultou em 26 apreensões até agora, todas de grande porte, inclusive com carretas cheias de contrabando confiscadas.
Conforme o chefe regional da PF em Pelotas, delegado Robson Robin, a estrutura desmantelada na operação incluía depósitos na fronteira e em São Paulo, além de comboios de caminhões para envio de grandes cargas de mercadorias até a capital paulista.
Os free shops dos investigados na Operação Hangover foram interditados pelas autoridades uruguaias há um ano, já no decorrer da investigação da Polícia Federal. Contatamos Andrei Schmidt, que defende Botti em processos de contrabando. Ele diz que não tem conseguido contato com seu cliente. "Em alguns casos consegui que ele cumprisse penas alternativas. Não conheço detalhes da operação de hoje, infelizmente".