Há dias os motoristas que se dirigem à área central de Porto Alegre vivenciam um calvário maior que o habitual. Os congestionamentos, que já são comuns nas horas de pico (amanhecer e entardecer), aumentaram porque várias sinaleiras estão apagadas. Vitimado pelo tráfego trancado, perguntei a um agente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) o motivo da balbúrdia. Ele fez apenas um sinal com o braço, de alguém afanando mercadoria.
Ladrões de fios e cabos transformaram a vida dos motoristas da Capital num inferno. Pode isso? Entre os cruzamentos que tiveram o semáforo desligado por força do furto da fiação estão o da Ipiranga com a Silva Só, o da Edvaldo Pereira Paiva com a Loureiro da Silva, vários na Aureliano de Figueiredo Pinto e um na Osvaldo Aranha com a Santo Antônio. Esses, os que vi. Fora os que não reparei.
Conforme apuração do colega Guilherme Milman, em três meses deste ano os ladrões levaram mais de oito quilômetros de cabos de sinaleiras. Isso equivale a todos os furtos desse tipo em 2022.
Sabemos que a prefeitura tem agido. A secretaria municipal de Segurança mandou agentes a 21 pontos visados pelos ladrões, dois dias atrás. Ninguém foi preso, até porque precisaria haver flagrante (os servidores não tinham mandados judiciais).
É de espantar o fato de que os ladrões possam retirar fios sem que ninguém veja. É hora de o poder público agir em conjunto. A BM e a Guarda Municipal podem priorizar o patrulhamento para esse tipo de delito, pelo menos por algum tempo (deixando pichadores para um segundo plano). A Polícia Civil tem de mirar nos receptadores. Não é possível que a rotina de todo o miolo da maior cidade gaúcha seja comprometida por criminosos.