Um dos crimes mais bárbaros e fúteis de que ouvi falar em 39 anos de coberturas criminais aconteceu em Sinop (Mato Grosso), na tarde de terça-feira (21). Após jogarem diversas partidas de sinuca e de carteado, dois homens perderam um total de R$ 4 mil em apostas. Eles deixaram o local e voltaram armados, horas depois, com uma pistola e uma escopeta calibre 12, de repetição. Dispararam até matar quase todos os frequentadores do bar que encontraram, alguns sequer envolvidos na jogatina.
A chacina foi filmada por câmeras de videomonitoramento do bar. Eles descem de uma caminhonete e fuzilam as pessoas, que ainda tentam correr para escapar, em vão. Os dois assassinos foram identificados como Edgar Ricardo de Oliveira, 30, e Ezequias Souza Ribeiro, 27. Eles teriam desafiado os frequentadores do bar a apostarem no jogo de sinuca. Ao perder a última partida, Oliveira jogou o taco na mesa, saiu do bar e retornou, armado, junto com Ribeiro. A primeira vítima foi o dono do bar e, em seguida, o homem que tinha vencido todas as rodadas. Foram sete mortos ao todo, de nove pessoas que estavam no local.
Os assassinos seguem foragidos. Conforme a polícia, Oliveira recebeu dinheiro antecipado para fazer obras em imóveis, que nunca concretizou. Já Ribeiro tem antecedentes por transporte ilegal de madeira, formação de quadrilha e porte ilegal de armas.
Na estrada do jornalismo, já vi muita tragédia que envolve jogatina. Uma vez, fiz reportagem sobre uma briga envolvendo galos de rinha que deixou cinco mortos, próximo a Sarandi (norte do RS).
Outra vez, em Lagoa Vermelha, a disputa foi no carteado, outros cinco mortos. Em Soledade, também no norte gaúcho, fiz reportagem sobre disputas sangrentas em corridas de cavalos, as canchas retas, uma delas que deixou três mortos e vários feridos graves, além de uma rixa familiar que perdurou por décadas.
Como se vê, jogo e passionalidade muitas vezes andam juntos.