Cinco integrantes do Alto Comando do Exército tiveram suas fotos divulgadas esta semana e foram atacados em correntes de WhatsApp e Telegram. Nas postagens, eles são taxados de "melancia" (verde-amarelos por fora, vermelhos por dentro). Ou seja, seriam oficiais simpáticos ao comunismo ou à esquerda.
Tudo porque esses generais não se alinham entre os que, internamente, cogitam movimentos para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente do Brasil. São considerados traidores, em suma, pelos que escreveram o recado.
"Querem que Lula assuma, já se acertaram com ele, não aceitam a proposta do povo. Repasse para ficarem famosos, os cinco MELANCIA", escreve postagem à qual o colunista teve acesso.
O Alto Comando é formado pelo comandante e outros 16 generais de exército (os de quatro estrelas), topo da carreira militar. Um deles é indicado pelo Ministério da Defesa, os demais atuam no Exército mesmo, sem cargo político. Entre eles, não conhecemos ninguém que tenha apoiado Lula ostensivamente. A maioria apoiou Jair Bolsonaro (PL). A grande divisão interna, no Exército como um todo, é que posição tomar diante das manifestações populares que pedem às Forças Armadas para que impeçam a posse do presidente eleito em 30 de outubro.
Esses cinco generais chamados de "melancia" (não vamos nominá-los aqui, para evitar estigmas) cometeram o pecado de silenciar, quando muita gente pensou que ajudariam a concretizar uma intervenção militar para garantir a permanência de Jair Bolsonaro na presidência (como desejam os militantes postados em frente aos quartéis). Ao não falarem, são vistos como apoiadores de Lula.
O comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, se posicionou. Determinou envio de mensagem interna a todos os integrantes do Exército, nas quais chama as mensagens de "alusões mentirosas e mal-intencionadas, caracterizadas pela tentativa maliciosa e criminosa de atingir a honra pessoal de militares com mais de quarenta anos de serviços prestados ao Brasil".
A nota também chama de "covardes" as mensagens por serem anônimas e disseminarem desinformação, com falta de ética e de profissionalismo. Freire Gomes diz que o Exército permanecerá coeso, sempre em suas missões constitucionais.
Como a Constituição não prevê intervenção militar para impedir posse de eleitos, o recado está dado. Mira, além do público interno, nos civis que continuam postados em frente aos quartéis.