A explosão imobiliária tem seu preço. Parte dele pode ser dimensionado pelos números da Operação Cáritas, desencadeada pela Polícia Civil na região serrana do Rio Grande do Sul e que já está em sua 8ª fase.
Só nessa última etapa, os agentes cumpriram nesta quinta-feira (19) 180 ordens judiciais, incluindo a prisão de um funcionário público de alto escalão em Canela, secretário de Meio Ambiente. Não custa lembrar que esse município, conhecido pela belíssima arquitetura e clima europeu, também é um dos mais florestados do RS.
Os policiais checam denúncias de servidores públicos em cargos em comissão que abriram empresas particulares para facilitar o licenciamento de grandes empreendimentos em Canela. Teriam, para isso, sócios de fachada.
O empresário que não entrasse no esquema tinha inviabilizada ou adiada a obtenção da licença ambiental, vital para construir. Estão sob suspeita contratos de licenças ambientais que somam R$ 8 milhões, apenas nesta fase.
Ao que parece, é a conhecida tática de vender facilidades para não criar dificuldades. Faz parte da história recente no Rio Grande do Sul. Em 2013 a Polícia Federal desencadeou a Operação Concutare, que apontou esquema de corrupção envolvendo consultores ambientais e funcionários públicos. Eles venderiam licenças para mexer no ambiente (sobretudo, aterrar banhados), com ênfase no Litoral Norte. O julgamento do caso demorou e muitos indiciados acabaram absolvidos, outros foram condenados.
No país, nem se fala. São comuns na Amazônia operações da PF que desvendam falsas licenças para corte e exportação de madeira. E assim a floresta vai sendo dizimada.
É, pois, muito bem-vinda a série de ações da Operação Cáritas. A ver como se darão os próximos passos.