A exploração de jogos de azar resultou num dia de má sorte para a bandidagem. A Polícia Civil gaúcha desencadeou na manhã desta quinta-feira (17) a maior operação já realizada contra o uso de casas de apostas como fachada para lavagem de dinheiro por parte de facções criminosas.
Foram cumpridas 141 ordens judiciais de apreensão, de indisponibilidade de bens e quebras de sigilo bancário, fiscal e tributário, em Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Novo Hamburgo.
Como o Grupo de Investigação da RBS (GDI) mostrou recentemente, os jogos de azar e outras atividades clandestinas (como a venda de cigarros paraguaios ou o contrabando de bebidas e roupas) são o novo filão das facções. É mais fácil extorquir o empresário que atua nesses ramos, porque ele não tem como se queixar para as autoridades.
Há exceções, claro, como o grupo de bicheiros de São Borja que registrou queixa na Polícia Civil contra o assédio de bandidos. Preferiam enfrentar a pena por contravenção (a exploração da jogatina) do que ter de pagar aos que chefiam o crime desde dentro das celas nos presídios.
Quem resiste ao assédio das facções corre risco de represálias. Vários tiveram casas de jogos depredadas ou incendiadas. Há suspeita de que alguns donos de bingos foram executados por quadrilheiros chefiados de dentro de presídios.
Briga de criminosos, azar o deles, pode pensar o leitor. OK. Mas há criminosos perigosos e outros, nem tanto. Difícil mudar a realidade, num país em que a hipocrisia faz com que casas de jogos proliferem, mesmo sendo ilegais.
Então, melhor que empresários (mesmo clandestinos) explorem a atividade e não as facções, que nunca estiveram dentro da lei. Claro que ambos estão errados, mas aqui falamos de níveis de periculosidade. Até por isso, a ação policial desta semana merece ser saudada.