Transformado em réu por abuso sexual de menor de idade, o bispo dom Antônio Carlos Rossi Keller, de Frederico Westphalen (norte do RS), rende também muitas discussões internas na Igreja Católica. Um dossiê a respeito dele foi recebido em 2017 e repassado à Nunciatura Apostólica, representação oficial do Vaticano no Brasil.
Após três investigações, que inclusive envolveram o Vaticano, o processo canônico referente ao bispo dom Antônio chegou à conclusão de que a denúncia de estupro de vulnerável “não tem fundamento”.
Acontece que a Justiça criminal, a dos homens, viu elementos para abrir processo. Na quinta-feira (3), o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul decidiu que dom Antônio será julgado por abuso sexual de um adolescente (que tinha 13 anos e atuava como seu ajudante nas missas), e também por coação a testemunhas (teria perseguido um padre que o denunciou à comunidade).
Falamos com o arcebispo que recebeu as primeiras denúncias em 2017, dom Rodolfo Luís Weber, de Passo Fundo. Ele ressalta que a transformação de dom Antônio em réu não necessariamente interfere na investigação interna da Igreja, mas várias consequências são possíveis. Mesmo não sendo responsável pelas decisões, ele teoriza a respeito. Uma das possibilidades é que nada aconteça e dom Antônio permaneça bispo de Frederico Westphalen, enquanto dura o processo judicial.
Outra probabilidade é que ele seja suspenso “ad cautelum” (liminarmente), enquanto dura o processo. Seria designado para outra atividade.
Existe ainda a hipótese de que sejam reabertas investigações canônicas (internas da Igreja), caso surjam fatos novos. Outras vítimas depondo ou mesmo a condenação do bispo na justiça criminal.
— A Nunciatura vai acompanhar os fatos e decidir os caminhos — conclui dom Rodolfo.
Agora é aguardar os próximos passos.