Em três anos, como mostra reportagem da colega Letícia Mendes em GZH, o número de novas armas registradas no Rio Grande do Sul foi maior do que nos 10 anos anteriores. Durante o governo Jair Bolsonaro, 47 mil novos registros foram realizados junto à Polícia Federal.
A estatística causa horror nos pacifistas, nas pessoas que acreditam que quanto mais armas, mais homicídios. E entusiasma os defensores do direito do cidadão se armar.
Goste-se ou não, os números mostram que a explosão na venda de armamentos ocorre por uma demanda reprimida durante quase duas décadas. O Estatuto do Desarmamento, de 2003 – durante o governo petista de Luiz Inácio Lula da Silva – dificultou bastante a aquisição de armas no Brasil. Houve até uma tentativa de proibir as vendas, em 2005, ano em que foi feito um referendo no qual os brasileiros tiveram o direito de opinar. Por 63,9%, foi mantida a permissão para comercializar armas.
A chegada de um governante com plataforma oposta à do PT, nesse quesito, deslanchou o comércio de armas. A verdade é que muita gente não confia na capacidade do Estado (leia-se, nos governos) de defendê-los contra a ação de criminosos. Preferem adquirir armamento, na certeza de que se darão bem ao confrontar bandidos.
Seja sonho ou ilusão essa ideia de que com armas é possível espantar o assaltante, as estatísticas evidenciam que milhares de brasileiros decidiram se armar. Inclusive mulheres. A depender do potencial calculado pela indústria, esse número passará a milhões.
Aumentará o número de homicídios com essas armas todas nas ruas? Até agora, o número de mortes não cresceu. Os pacifistas dizem que é questão de tempo para tanta arma gerar mortes de inocentes, por acidente ou após serem roubadas por ladrões. Entre policiais, o pensamento a respeito é diversificado. Alguns acham bom o cidadão se armar. Outros condenam, temem mais crimes passionais. O fato é que por enquanto o apelo às armas está em voga.