Tenho frequentado a orla do Guaíba como nunca antes. Sempre passeei por lá, até porque residia no Centro. Depois me mudei e continuo espichando as pedaladas até a beira do estuário, também chamado poeticamente de rio e, por preciosistas, de lago. Mas o desfrute agora é bem maior. O motivo: sensação de segurança.
Até o final dos Anos 80 não existia a Avenida Beira-Rio. O dique que separava o Guaíba da cidade era rodeado por matos que serviam de abrigo para andarilhos e, em muitos casos, de ladrões. Não poucos casos de estupro e assaltos foram relatados por ali.
A avenida foi construída, depois duplicada – apesar dos temores dos ambientalistas – e virou ponto de tráfego intenso, de veículos e pessoas. Só que tudo isso terminava ao anoitecer. Então a Orla voltava a ser terra de ninguém. Cheguei a presenciar assaltos, roubos de bicicletas e correrias dos ciclistas atrás de ladrões.
A urbanização de dois dos três principais trechos da Orla mudou esse cenário. Para melhor. Olhos eletrônicos vigiam agora movimentos estranhos. Prefeitura e Estado investiram em videomonitoramento. E também no patrulhamento a cavalo e em viaturas.
A iluminação espetacular que foi adotada inibe os criminosos. E a abertura de dezenas de bares às margens do Guaíba é o atrativo que arrasta multidões até a beira da água, para ver o cartão-postal mais famoso de Porto Alegre, o pôr-do-sol. Na noite de terça-feira (28), por volta das 23 horas, era possível ver gente patinando, usando skate e praticando esportes nas quadras próximas ao rio. Quando, em seus sonhos mais acalentados, os porto-alegrenses imaginavam esse cenário idílico?
Claro que assaltos e furtos eventuais ainda ocorrem, sobretudo em fins de semana, quando algumas gangues tentam se apropriar da Orla. Há também furto de cabos das redes elétrica e de telefonia. Mas o uniforme dos agentes da lei tem inibido os criminosos.
A Guarda Municipal conta com 25 agentes fixos na Orla, divididos em quatro turnos (inclusive à noite). A BM, outros tantos, em número não revelado. O resultado? Virou ponto turístico.
— Os índices de criminalidade estão abaixo do que poderia ser esperado, dado o fluxo de pessoas nestes locais — confirma o comandante da Guarda Municipal, Marcelo Nascimento.
Ponto para a cidadania.