Com registros semanais de furtos de cabos de iluminação pública em Porto Alegre, a IPSul, concessionária responsável pelo serviço, antecipará a implementação de tecnologia de monitoramento em tempo real do mobiliário urbano. Segundo o diretor Guido Oliveira, a empresa previa para o final de 2022 a colocação dos sensores em luminárias das avenidas mais movimentadas da Capital, mas quer fazer o primeiro teste já em março, no Parque Marinha do Brasil. Depois, o foco será no Centro Histórico.
— É preciso uma sinergia entre população, órgãos de segurança pública e nossas equipes para que a manutenção seja corretamente feita — comenta o diretor. — Temos equipes para manutenção 24 horas e vamos focar este sistema nos lugares de maior ocorrência de vandalismo.
Das cerca de 70 mil manutenções feitas pela empresa concessionária nos 103 mil pontos de luz de Porto Alegre desde outubro de 2020, 1.028 foram causadas por atos de vandalismo. Além da solução tecnológica, a IPSul quer apostar em alternativas, como instalações com materiais menos valiosos — atualmente, de cobre — ou técnicas que “lacram” o sistema elétrico, dificultando o furto.
O maior efeito do vandalismo, segundo a IPSul, é a demora para realizar o conserto, já que cada furto pode impactar na iluminação de uma rua inteira. Além disso, a demanda exige que equipes fiquem focadas na manutenção, sem poder auxiliar na instalação de novas luminárias — a meta da prefeitura e da concessionária é trocar todas as luzes da cidade para LED.
Entre janeiro e 28 de dezembro, 20,5 mil lâmpadas já foram substituídas — um pouco mais da metade da meta, de 49 mil, que deve ser cumprida até 6 de março. Nesta terça-feira (28), 20 bairros começaram a receber uma nova fase de instalação das luminárias em LED. Apesar do atraso do cronograma, o diretor Guido Oliveira se mostra otimista para os três primeiros meses do próximo ano, quando novos funcionários serão contratados.
— Vamos aumentar de 23 para 35 equipes para instalar esses 29 mil pontos de luz que ainda faltam. Fico mais tranquilo sobre isso porque a população não vai sentir este atraso, pois, na pior das hipóteses, chegaremos em março com pelo menos 40 mil novos pontos de luz LED novos pela cidade — explica.
Problema crônico
Parte do viaduto Otávio Rocha, no Centro Histórico, ficou no escuro entre novembro e dezembro, devido ao furto de cabos de iluminação pública. No período, a IPSul contabiliza a troca de 24 lâmpadas, 266 metros de cabos, 11 globos, 63 conectores e 8 reatores.
Moradores, comerciantes e clientes que frequentam as escadarias relatam que a empresa concessionária responsável pela Iluminação Pública (IPsul) demorava para atender aos pedidos de consertos, e, em poucos dias, a rua voltava a ficar no escuro.
Os postes históricos que iluminam a região do bar Justo, em uma das quatro calçadas entre a Avenida Borges de Medeiros e a Rua Duque de Caxias, ficaram fora de funcionamento por quase um mês, entre 16 de novembro até a semana passada. Adelino Bilhalva, proprietário do estabelecimento, conta que abriu chamado no aplicativo indicado pela IPSul para solicitar este tipo de serviço, depois repetiu o atendimento por telefone.
— Havia poucas semanas que a prefeitura tinha solicitado que o comércio iluminasse as fachadas para o Natal, e a empresa (IPSul) nos explicou que consertava e os cabos eram furtados no mesmo dia — relata o empresário, que não percebeu queda do movimento de clientes no período, mas ouviu comentários que indicavam insegurança dos frequentadores que caminhavam sem poder enxergar como gostariam:
— Em ambos os lados da avenida tinha que atravessar uma boa parte de escadaria totalmente no escuro.
Dono do Armazém Porto Alegre, que fica na escadaria oposta ao Justo, Renato Júnior, também morador da região, se queixa da insegurança.
— Tive quatro cadeados furtados das portas em duas semanas sem luz na rua. Nenhum foi durante a noite, mas isso aumenta a sensação de abandono que temos. Estão roubando tudo que é de metal na região para vender — aponta Júnior, que também é membro da associação de moradores do Centro Histórico.
Sobre o sistema de atendimento, a concessionária confirma que há 172 protocolos com demandas pendentes em Porto Alegre.
A prevenção
Os furtos de cabos elétricos da iluminação pública são combatidos pela Secretaria de Segurança (SMSeg) através da patrulha ostensiva da Guarda Municipal em pontos estratégicos.
— Reconhecemos que ainda precisamos aumentar este patrulhamento, estamos atentos a esta situação para ir gradativamente diminuindo (os casos de furto) — diz o comandante da Guarda Municipal, Marcelo Nascimento. — O risco de furtos e roubos aumenta quando a luz de uma rua não está funcionando, e isso afeta nossa convivência social em vários aspectos. Ainda que os índices de crimes estejam diminuindo na Capital, a sensação de insegurança é tão impactante quanto a própria insegurança.
Ele conta ainda que, em outros dois pontos da Capital, o furto de cabos foi resolvido através da parceria entre IPSul e Guarda Municipal. Na orla do Guaíba, foi intensificado o patrulhamento por viaturas durante a madrugada. Já no túnel da Conceição, foram instaladas grades protetoras dos acessos e das próprias lâmpadas.
Outra ação de combate ao furto é a fiscalização de estabelecimentos que comercializam ferro velho, principais destinos dos fios. A força-tarefa de órgãos de segurança fizeram cinco visitas nos últimos dois meses, segundo Nascimento. Em caso de identificação de materiais da CEEE ou IPSul nos locais, há a possibilidade de indiciamento do responsável por receptação de itens públicos roubados.
Como denunciar
Para denunciar casos de apagão em via pública ou furto de cabos, assim como qualquer outra demanda de iluminação nas ruas de Porto Alegre, ligue para o 156 ou utilize os aplicativos 156+POA e Ilumina Poa, da própria IPSul. Para chamar a Guarda Municipal, há o telefone 153, específico para denúncias flagrantes ou chamados de urgências.