A Polícia Civil prendeu na manhã desta terça-feira (3) um vereador de Cachoeirinha por suposto envolvimento com uma das mais violentas facções criminosas do Rio Grande do Sul, os Bala na Cara. As ligações seriam laços de família, por ele ser irmão de um conhecido líder quadrilheiro, investigado por participação em nove homicídios, além de tráfico e roubos.
Contra o parlamentar pesam diálogos, interceptados com autorização judicial, nos quais pede ajuda para conter cabos eleitorais de adversários políticos. E, também, contabilidades apreendidas com traficantes, nos quais são mencionadas contribuições em dinheiro para o vereador.
Até agora ele não se pronunciou, mas tudo indica que vá negar os crimes.
O importante nisso tudo é que, pela terceira vez em tempos recentes, a Polícia Civil prende vereadores supostamente ligados a facções criminosas. Em dezembro de 2020, outro parlamentar, também de Cachoeirinha, foi preso após agentes encontrarem 800 quilos de maconha, parte dela num sítio de propriedade do político. Ele é apontado como ligado a Os Manos, a maior facção gaúcha, originária do Vale do Sinos.
Em Novo Hamburgo, um vereador — também apontado em inquéritos como ligado a Os Manos — foi preso por porte ilegal de arma. Ele responde ainda a inquéritos por associação para o crime.
E não são episódios isolados. Em Sarandi, no norte do RS, o prefeito e o vice-prefeito são réus num processo por terem cabos eleitorais ligados à facção do Vale do Sinos. Em 2018, em Gravataí, a Polícia Civil apreendeu mais de 700 quilos de maconha num prédio pertencente a um vereador, mas que ele alugava para terceiros. Ele nega qualquer conhecimento da droga. Todos negam crimes, aliás.
A questão por trás desses casos todos é que lembram o Rio de Janeiro, onde o crime organizado investe em candidaturas há décadas. Traficantes e milicianos (ex-policiais) disputam terreno com ajuda de políticos aliciados ou, o que é pior, forjados pelas facções.
Você já viu isso no cinema. Só que é vida real e interfere no seu cotidiano. Imaginou uma rixa com os protegidos desses políticos? Pois é.