Com barragem de artilharia coordenada com lançamentos de bombas por aviões, Santa Maria montou na quinta-feira (8) um show bélico para o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, na primeira visita oficial dele ao Rio Grande do Sul.
Uma força-tarefa com mais de cem carros de combate simulou ataques a posições inimigas, apoiada por aeronaves, deixando claro por que a maior cidade da Região Central virou capital nacional dos blindados.
A exibição de musculatura militar não é casual. Santa Maria é uma das três cidades cotadas para abrigar a futura Escola de Sargentos, que unificará a formação de militares feita hoje em 13 unidades do país. As outras duas são Ponta Grossa (PR) — que será visitada pelo general Paulo Sérgio nesta sexta-feira (9) — e Recife (PE).
As projeções são de que essa academia terá investimento de R$ 1,2 bilhão e poderá movimentar R$ 300 milhões por ano na economia do município escolhido.
Santa Maria se tornou a favorita para o empreendimento, por vários motivos. Primeiro: é disparada entre as três a cidade com maior número de militares, com 22 quartéis, que formam o segundo maior contingente das Forças Armadas no país (só perde para o Rio).
Segundo: possui uma Base Aérea e um aeroporto para jatos comerciais (coisas que Ponta Grossa não tem, por exemplo). Não por acaso, os exercícios militares que impressionaram o comandante do Exército foram feitos em conjunto com a Força Aérea.
Terceiro: sua rede de ensino e de saúde (e, portanto, de apoio à família dos militares) estão entre as maiores do Rio Grande do Sul e entre as melhores do país, com hospitais e universidades de ponta. Quarto: Santa Maria não é uma metrópole, o que dificultaria manobras (caso de Recife).
Este colunista ouviu militares graduados e constatou que, fosse por razões técnicas, Santa Maria já estaria escolhida para treinar os futuros sargentos, profissionais que fazem a decisiva ponte entre a tropa e o oficialato. Só que a decisão é também política.
O Alto Comando do Exército se reúne em agosto para tomar posição, mas é muito provável que ela passe pelo crivo de Jair Bolsonaro. Como se sabe, ele tem influenciado diretamente em questões estratégicas e políticas que envolvam as Forças Armadas.
Não custa lembrar que o presidente tem no governador do Paraná, Ratinho Junior, um aliado fiel. Em compensação, no Rio Grande do Sul, Bolsonaro mantém forte apoio eleitoral, a julgar pelas pesquisas. Tudo isso, além dos quesitos bélicos, pode pesar na balança da escolha da nova academia militar.