Questionado sobre problemas encontrados em Santa Maria e que poderiam impedir que a cidade vire sede da nova Escola de Sargentos do Exército (ESA), o general responsável pelo projeto de implantação dessa academia, Joarez Alves Pereira Junior, fez alguns segundos de silêncio. E depois disse não saber de defeitos.
- Senti sinergia entre empresários, governo estadual e município na vontade de trazer a escola para Santa Maria. Mais que isso, disseram sim a todas as obras que facilitariam o nosso projeto – declarou o general, que faz esta semana a última visita ao Rio Grande do Sul antes de anunciar a escolha da sede da futura academia.
Santa Maria é uma das três cidades cotadas para sediar a nova Escola de Sargentos (ESA). Os outros locais são Recife (PE) e Ponta Grossa (PR). A futura academia deve unificar a formação dos sargentos do Exército, que hoje ocorre em 16 locais diferentes do país.
A nova escola deve ter 1,5 mil funcionários e abrigar 2,2 mil alunos, de toda as partes do país. O general Joarez explicou a importância:
- O sargento é o elo entre a tropa e o comando. Exerce função fundamental nas Forças Armadas.
O general, que estava em trajes civis informais, visitou o campo de instrução do Exército em Santa Maria e fez um passeio por obras usadas como trunfo pela prefeitura santa-mariense para garantir a vinda da ESA. Elogiou tudo que viu, desde a duplicação de avenidas até a construção de uma perimetral na cidade, passando por ampliação de redes de água e eletricidade.
Mas o militar se impressionou mesmo foi com um vídeo encomendado pelo prefeito santa-mariense Jorge Pozzobom (PSDB). As imagens mostram, em linguagem ágil e triunfante, tudo que Santa Maria tem de bom: 22 quartéis das Forças Armadas (o segundo maior efetivo militar do país), duas escolas militares de Ensino Médio, oito instituições de ensino superior (públicas e privadas), oito hospitais e um aeroporto que passa por ampliação. O requinte final no vídeo é uma maquete tridimensional, feita pela própria prefeitura, que mostra como deve ficar o complexo da ESA, caso se concretize em Santa Maria. Podem ser vistos alojamentos, restaurantes, campo de instrução e até a cidade, ao fundo.
A prefeitura também já abriu mão do ISS (imposto) a ser pago pela empresa que construir a Escola de Sargentos.
O prefeito diz que, assim que o Exército sugeriu obras na cidade, elas já começaram a ser feitas. As ampliações de redes de água, luz e do aeroporto já estão com projetos técnicos encaminhados. Pozzobom ainda listou mais uma razão pela qual Santa Maria deve ser a escolhida:
- O bom sargento é aquele sujeito que encara os rigores e os vence. Pois Santa Maria oferece esse desafio ao Exército. Aqui, quando é verão, faz calor de rachar. Quando é frio, é muito frio. Tudo isso vai ajudar no treinamento militar – brincou o prefeito.
O general Joarez foi muito pressionado a adiantar sua escolha, mas resistiu. Ele evitou listar defeitos nos três municípios que disputam a vinda da ESA, mas deixou escapar que a preferência é por uma cidade de porte médio (sem os problemas das metrópoles), com boa segurança pública, adequada infraestrutura militar e de transporte aéreo (para facilitar visitas dos familiares dos sargentos, que virão de todo o país).
A soma desses fatores deixou em todos que escutaram o general a impressão de que fala de Santa Maria. Afinal, Recife não tem porte médio e Ponta Grossa não tem aeroporto.
Mas todos sabem que a escolha não é apenas da comissão técnica encabeçada pelo general Joarez, ela caberá ao Comando do Exército. Que sofre influência, também, de gente como o presidente Jair Bolsonaro, que é amigo e parceiro político do governador do Paraná. Ou seja, muitos são os fatores para a decisão, que deve sair até o fim deste semestre. A torcida em Santa Maria se explica pelo valor dos investimentos previstos para a academia: R$ 1,2 bilhão.