A terça-feira (2) amanheceu com onda de prisões de autoridades no Rio de Janeiro, o que não chega a ser uma grande surpresa. O diferencial é o quilate dos alvos da Polícia Federal: desembargadores e juízes da Justiça Trabalhista.
Conforme as investigações, autorizadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), integrantes da Justiça do Trabalho no Rio (em primeira e segunda instâncias) eram cooptados pelo governador Wilson Witzel (que está agora afastado e responde a processo de impeachment) para um esquema de corrupção que envolvia Organizações Sociais (OS) das áreas de saúde e educação. O próprio Witzel é juiz licenciado.
Essas OS pagariam propina para pessoas ligadas ao governador e também para integrantes do Judiciário, no sentido de acelerar julgamento de processos trabalhistas. Com isso, obtinham certidão negativa de débitos e podiam voltar a firmar contratos com o poder público estadual.
Indícios a respeito do esquema foram fornecidos pelo ex-secretário da Saúde do Rio Edmar Santos, que fez delação premiada. Conforme ele, esquema semelhante envolvia também débitos de clubes de futebol e de empresas de ônibus.
Conforme a delação, para participarem do esquema, as OS pagavam propina disfarçada de honorários advocatícios a familiares de juízes e desembargadores. Entre os 11 presos estão quatro desembargadores, incluindo dois ex-presidentes do TRT fluminense.
Como costuma dizer o colega Tulio Milman, não há o que não haja. Em se tratando do Rio de Janeiro, mais ainda.