O Brasil ocupa um nada honroso segundo lugar em homicídios na América do Sul, conforme levantamento apresentado pela Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira (8). A taxa brasileira é de 30,5 assassinatos a cada 100 mil habitantes, só superada pela Venezuela, com 56,8 mortes por 100 mil. A maior taxa em toda a América está em El Salvador (62,1 por 100 mil). No continente, os brasileiros ocupam quarto lugar. Os dados são de 2017.
No total, cerca de 1,2 milhão de pessoas perderam a vida por homicídios dolosos no Brasil entre 1991 e 2017. O grande problema é que as taxas brasileiras vêm num crescente. Oscilaram de 20 a cada 100 mil habitantes (em 2012) para mais de 30, em 2017. O estudo da ONU pode ser conferido nesse link.
A situação é terrível porque, em números absolutos, Nigéria e Brasil responderam, juntos, por 28% dos homicídios no mundo, embora representem apenas 5% da população global. Ou seja, os assassinatos não são um problema de aumento ou excesso de população, mas uma questão específica e complexa nesses países.
Para se ter uma ideia, a média global é de 6,1 homicídios por 100 mil habitantes. Conforme o relatório, as regiões mais seguras são Ásia, Europa e Oceania, com índices de assassinatos de 2,3 por 100 mil habitantes, 3,0 e 2,8, respectivamente.
Um dado curioso é que, em 2017, o número de homicídios convencionais foi cinco vezes maior do que os provocados por conflitos bélicos (entre nações ou em guerras civis). Em torno de 464 mil pessoas foram assassinadas no mundo naquele ano, enquanto 89 mil mortes ocorreram em batalhas.
Uma esperança possível aos brasileiros, tão assolados pelo crime, é que, de 2017 para cá, há uma tendência de redução de homicídios em vários Estados, o que pode representar uma propensão de queda em todo o país. Só saberemos quando saírem levantamentos precisos referentes a 2018 e 2019.
Exemplos de redução não faltam, mundo afora. A Colômbia registrou uma dramática queda nas taxas de homicídio, de 80 para cada 100 mil habitantes (em 1991) para 25 a cada 100 mil (em 2017). A baixa pode ser parcialmente atribuída à intensificação da ação estatal contra o tráfico de drogas no país, de acordo com a ONU.