A Polícia Civil fez sua parte na manhã desta sexta-feira (31), ao prender seis pessoas por invasões de apartamentos num condomínio do programa Minha Casa Minha Vida, em Canoas. Eles são suspeitos de envolvimento com uma facção criminosa originária da zona leste de Porto Alegre e estariam expulsando os legítimos proprietários dos apartamentos para usá-los como esconderijo de foragidos.
O problema é que, mais do que um caso isolado, a expulsão de moradores por parte de facções virou moda, na Região Metropolitana e até em algumas cidades do Interior. Em Porto Alegre, os condomínios Camila e Ana Paula, no bairro Restinga, tiveram apartamentos invadidos por outra facção. Os criminosos passaram a comercializar os imóveis, como se fossem donos, além de cobrar taxas dos moradores honestos do bairro. Jogo duro.
Invasões são rotina nos condomínios do Minha Casa Minha Vida, maior programa habitacional do Brasil. É o que retratamos na série Minha Casa, Minha Fraude - em 2015 - e também em reportagens feitas em 2018. Fingindo interesse na aquisição dos imóveis, topamos com pessoas dispostas a vender, alugar e invadir apartamentos - tudo isso é proibido, nas residências destinadas pelo programa a quem possui menor poder aquisitivo. Mesmo assim, é feito descaradamente. Em Cruz Alta, um em cada três imóveis visitados pela reportagem no maior conjunto habitacional do MCMV estava ocupado irregularmente. Os ocupantes ofereciam negócios de todo o tipo.
Por que isso acontece? A maior causa é falta de fiscalização governamental. O programa é maravilhoso, mas peca por não auditar quem ocupa os imóveis vendidos a baixíssimo custo. Na maioria dos casos, sequer são feitas visitas para checar se o dono é o que assinou o contrato do MCMV.
Um pente-fino, permanente, é necessário. Ou o governo continuará a despejar dinheiro fora, com gente que não precisa do imóvel ou, pior ainda, alimentando indiretamente o lucro das facções criminosas.