Gustavo Bebianno, agora ex-ministro, caiu em desgraça ante o núcleo militar do governo Bolsonaro. Menos pelo que fez como político ou na sua breve gestão à frente da Secretaria-Geral da Presidência, mais pelos seus gestos após deixar o cargo, atirando contra quem o demitiu.
O vazamento de áudios das conversas que manteve com o presidente garantiu a Bebianno o repúdio dos generais com cargo no ministério. Até então, eles se mantinham, de certa forma, neutros na disputa fratricida entre Bolsonaro e seu ex-admirador Bebianno.
Muitos inclusive acreditam na versão do ex-ministro de que não tem qualquer responsabilidade sobre envio de centenas de milhares de reais para candidaturas-laranja do PSL em alguns Estados. Afinal, ele era presidente nacional do partido e não conhecia muitas das candidaturas – apenas atendia a pedidos de remessa de fundos eleitorais e partidários.
A explicação é plausível, confidenciam dois generais ouvidos por GaúchaZH. Eles também enxergam na fúria do presidente Bolsonaro uma reação desproporcional à gravidade dos fatos. Mas agora se decepcionaram de vez com Bebianno.
O próprio vice-presidente, Hamilton Mourão, confidenciou a interlocutores que considera que Bebianno faltou com a lealdade ao divulgar os áudios e "lavar roupa-suja em público". Defender-se é uma coisa, divulgar conversas íntimas e pessoais é outra, acredita o vice, que é general da reserva.
Ou seja, Bebianno conquistou agora antipatia do núcleo mais influente no governo, que fará esforço para que ele não continue a divulgar dossiês por aí.