Antes de conceder entrevista ao Gaúcha Atualidade (ouça a íntegra abaixo) na manhã desta terça-feira (30), o general Augusto Heleno conversou com a coluna na noite de segunda-feira (29). Um papo rápido, porque ele tem recebido mais de 500 telefonemas e mensagens de WhatsApp por dia, fora as reuniões que coordena, como homem-forte no planejamento do futuro governo de Jair Bolsonaro.
O militar da reserva, que foi o primeiro comandante das tropas brasileiras da Missão de Paz no Haiti, deve ser confirmado como novo ministro da Defesa. E, em respeito a um pacto firmado com a cúpula bolsonarista, evitou detalhar planos da governabilidade. Admitiu apenas que, nos debates internos, há perspectiva de que os militares tenham elevada sua idade mínima para aposentadoria, mas não de forma igual à dos civis.
— Afinal, milico não tem hora para trabalhar, está sempre de prontidão. As mulheres até reclamam — justifica.
Mas Heleno pareceu espantado ao ser informado, por este colunista, de que as primeiras manifestações contra o futuro governo Jair Bolsonaro começam já nesta terça-feira (30) em todo o país. São chamados "atos de resistência". O general quis saber quem convocou. Informamos que um dos líderes é Guilherme Boulos (PSOL), da Frente Povo Sem Medo. Outra é a Frente Brasil Popular, que apoiava Fernando Haddad (PT).
— Ah, o Boulos? Aquele rapaz que fez um monte de votos? Quantos, mesmo? Que lugar ele tirou na eleição? — tripudiou Augusto Heleno.
Sobre as manifestações, o general considera que é um direito dos opositores de Bolsonaro, mas pergunta por que fazem isso mesmo antes de o vencedor das eleições assumir.
— Por que não vão fazer manifestação na Coreia do Norte ou Cuba, que eles tanto admiram? Ou na Venezuela, tão tolerante com opositores? — provocou Heleno.
O general finalizou a entrevista chamando as manifestações de "atos conduzidos por maus perdedores".