Dois eixos devem ser priorizados por Jair Bolsonaro (PSL) caso ganhe as eleições: segurança pública e mudança na Previdência Social.
O primeiro ponto é uma sinalização de agrado aos eleitores e deve se sustentar em projetos que já tramitam no Legislativo. É o caso da facilitação na compra e no porte de armas de fogo. Os bolsonaristas planejam apoiar o PL 3722/2012, do deputado Rogério Peninha Mendonça (MDB-SC), que absorve propostas formuladas pelo próprio Bolsonaro anos atrás. O projeto substitui o Estatuto do Desarmamento. Entre as mudanças, prevê registro de arma expedido em até 72 horas (hoje é 30 dias), sem data de expiração e com licença de porte de cinco anos (hoje é um ano). O texto também facilita a posse de armas em casa pelos cidadãos, retirando a exigência de comprovação da necessidade da compra. Não é liberação geral: para ter arma o sujeito não pode ter antecedentes criminais, tem de comprovar curso de tiro e passar por exame psicotécnico.
O projeto conta com apoio do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), que promete colocar a proposta em votação logo após a posse dos novos parlamentares. Ela já foi aprovada em comissão em 2015, mas nunca passou pelo plenário. Seria um agrado a Bolsonaro, para tentar se manter na liderança dos deputados.
A redução da maioridade penal (dos atuais 18 anos para 16 anos) é consenso e deve ter apoio no Congresso.
Outra prioridade bolsonarista é no excludente de ilicitude, que permite que alguns cidadãos (via de regra, policiais) justifiquem a morte de outras pessoas como uma necessidade (legítima defesa sua e de terceiros, por exemplo). A regra já existe, mas a ideia de Bolsonaro é popularizá-la, para isentar policiais que trocam tiros com bandidos.
Devem ser apoiadas também iniciativas de enrijecimento da legislação penal, como enclausuramento de autores de crimes hediondos em presídios de segurança máxima (sem receberem visita íntima) e redução de benefícios aos presos, como saídas temporárias.
Já as intervenções das Forças Armadas nos Estados, embora contem com apoio popular, são controversas e serão analisadas caso a caso. O Rio de Janeiro é emblemático: os homicídios aumentaram após a intervenção do Exército deste ano, mas os roubos de cargas diminuíram, o que serve de argumento tanto para quem sustenta como para quem repudia as ações dos militares federais.
A iniciativa menos popular, dentre as cogitadas, é o apoio à reforma da Previdência Social, com aumento da idade mínima para aposentadoria. O pacote será costurado pelo economista Paulo Guedes, mas a proposta deve ficar entre 62 e 65 anos como o mínimo de idade exigido para quem for se aposentar. Há divisão entre os bolsonaristas se a mudança no critério etário deve incluir militares e policiais.