Três em cada quatro moradores de Porto Alegre evitam sair à noite, por medo de crimes, mostra pesquisa contratada pelo Instituto Cidade Segura. Isso não é muito diferente do que em qualquer cidade brasileira de porte médio ou grande. Surpresa seria se todos caminhassem tranquilos, como na Europa.
A pesquisa mostra também outro fenômeno bastante conhecido: a maioria dos assaltados ou vítimas de golpes (estelionatos) não formaliza queixa nas delegacias, por achar que não será investigado. Isso já foi apontado em pesquisas em Alvorada e Canoas. Ou seja, as estatísticas de segurança pública não são reais: o número verdadeiro de delitos é muito maior que o registrado oficialmente.
Ressalte-se que a pesquisa é encomendada por entidades sindicais dos policiais. Não há porque desacreditar dela.
O curioso é que a mesma comunidade que não acredita em resolução dos crimes dá boas notas para a performance dos policiais. A BM é aprovada por metade dos entrevistados. A Polícia Civil, por mais da metade: 53,7%. Em relação à honestidade dos agentes militares e civis, as notas são maiores ainda: 63,0% e 62,5%, respectivamente. Marcos Rolim, coordenador da pesquisa, acha que ainda são preocupantes os percentuais de desconfiança em relação às polícias e que muito há por mudar.
Por que a população confia nos policiais, mas não registra queixa nas delegacias? É porque a comunidade conhece as carências de efetivo das polícias. Sabe que elas trabalham só com prioridades, com crimes graves: roubo com violência extrema, latrocínio, homicídio. O resto é investigado quando possível. São as Escolhas de Sofia, feitas cotidianamente em qualquer unidade policial. A pesquisa mostra por que segurança deve ser, de fato, preocupação dos políticos.