O uso de escudos humanos em assaltos caiu no gosto dos bandidos gaúchos. Entra semana, sai semana e, em algum rincão, quadrilhas fazem reféns e usam eles para sua própria proteção, evitando assim o cerco policial. Foi assim em fevereiro, quando um grupo de assaltantes escondidos numa reserva indígena roubou dois bancos de forma simultânea em Miraguaí, na região noroeste.
Foi assim em Cotiporã, no fim de ano de 2012, num assalto a uma fábrica de joias que fez mais de 20 reféns. Na fuga, três bandidos foram mortos por PMs na hora, outros em perseguição, dias depois. Por sorte do destino ou providência divina, nenhum dos escudos humanos foi atingido no tiroteio, travado num mato.
Foram pelo menos 21 roubos com cordões humanos neste ano. Era questão de tempo para que um inocente morresse. Aconteceu nesta quinta-feira (07), nas proximidades de Arvorezinha, onde duas agências bancárias foram roubadas simultaneamente. Após dois confrontos entre bandidos e policiais, um homem foi abandonado pelos ladrões em fuga. Morto, à beira da estrada. Ainda não se sabe de onde partiram os tiros que o mataram.
Escudos humanos são modismo criado no Nordeste brasileiro, onde as quadrilhas que usam dessa tática ganharam o merecido apelido de Novo Cangaço. Não se limitam a fazer reféns: inutilizam a infraestrutura de pequenas cidades, incendeiam viaturas policiais, destroem radiocomunicadores, imobilizam autoridades, colocam armadilhas na estrada para evitar perseguição. É a mesma receita. Que, agora, resultou em sangue derramado, ao que se informa, de um inocente.
Como evitar? Os bandidos buscam justamente cidades com pequeno contingente policial. A única saída, num Estado empobrecido, é uso de inteligência por parte das polícias. Informação, somada com interceptação telefônica, é a principal receita. Na última semana foram presos na Argentina, mediante informação da Polícia Civil gaúcha, irmãos quadrilheiros responsáveis por vários assaltos com reféns no RS. Mas outra quadrilha agiu agora. Resta esperar que no futuro, com grande investimento em pessoal, as polícias consigam reforçar guarnições no Interior, alvo predileto do Novo Cangaço.