Varou madrugadas a busca dos procuradores da República que atuam na Operação Lava-Jato por uma saída jurídica que garantisse a permanência de José Dirceu na cadeia. Ainda no feriado do 1º de Maio, altas horas, debatiam se deveria ser pedida nova prisão preventiva do ex-ministro à Justiça – abrindo guerra direta com o Supremo Tribunal Federal (STF) – ou apenas recomendar que ele não fosse libertado pela Corte. Venceu essa última opção, mais cautelosa, para não afrontar os homens de toga.
Os procuradores poderiam ter pedido diretamente ao juiz Sergio Moro uma nova prisão de Dirceu, com base em algum deslize do ministro cometido após os crimes pelos quais já foi julgado. O problema é que, fosse decretada, a prisão seria um desafio direto ao julgamento do habeas corpus requisitado pelo petista. Mesmo que fosse legal, seria um erro político.
Os procuradores decidiram então enviar ofício ao STF, no qual pedem que Dirceu fique preso e o classificam como um dos principais líderes da Orcrim (organização criminosa, no jargão da Lava-Jato) que saqueou a Petrobras. Foi lembrado que Dirceu não é um novato nesse tipo de acusação: está condenado em dois processos de corrupção e já cumpriu pena por outro (o do mensalão). O tom era de que "se esse é libertado, como garantir a prisão de outros?".
Em vão. Seja por cansaço de ratificar tantas prisões decretadas pela Justiça no Paraná, seja por lobby dos advogados ou até por genuína preocupação com a sorte dos presos, o STF mandou soltar Dirceu. E abriu uma porteira que pode resultar na libertação de Eduardo Cunha e outros que a Lava-Jato encara como vilões.