Os três juízes-auxiliares convocados por Teori Zavascki para ajudá-lo na hercúlea tarefa de triar a delação da Odebrecht – a maior da história brasileira – não podem homologar os acordos de colaboração. Eles podem ouvir os 77 delatores, que formam o núcleo executivo da empreiteira. E farão isso, por autorização já concedida pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia.
Leia mais:
Equipe de Teori pode continuar a analisar delação da Odebrecht
Sucessão de Teori deflagra jogo de interesses
Quem se beneficia e quem é prejudicado com a morte de Teori
Teori, morto em um acidente aéreo na quinta-feira, tinha convocado um trio de magistrados de primeira instância para ajudá-lo. São eles os catarinenses Márcio Schiefler Fontes (o mais enfronhado na Operação Lava-Jato) e Paulo Marcos de Farias e o alagoano Hugo Sinvaldo Silva da Gama Filho. Os três devem retomar nesta terça-feira o interrogatório dos 77 delatores.
É tarefa para no mínimo oito dias úteis, calcula um procurador da República que atua em Brasília e acompanhou todo o acordo de colaboração firmado com a Odebrecht. Cada audiência deve levar no mínimo meia hora. Nesse ritmo, a homologação definitiva das delações deve ocorrer na primeira semana de fevereiro, estima essa fonte, que pediu para não ter o nome revelado.
Schiefler, Farias e Sinvaldo farão os interrogatórios, perguntando se o colaborador foi pressionado a assinar o acordo. Caso concluam que tudo está nos conformes, assinarão a ata de oitiva dos delatores, mas não podem homologar nada. Passarão todo o material para um ministro do STF.
Especula-se que a própria Cármen Lúcia seja esse ministro, caso o material analisado pelos juízes fique pronto ainda em janeiro.
Na segunda-feira, ela teve uma longa reunião com os três juízes-auxiliares. O objetivo foi tomar pé da delação, ter ideia do ritmo de trabalho necessário. Satisfeita, autorizou que os magistrados prossigam no interrogatório dos delatores.
É muito provável que ela mesma, num canetaço, libere as delações. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já declarou que, assim que homologados, os depoimentos serão divulgadas à mídia, quebrando a expectativa em relação aos 229 políticos delatados pela Odebrecht por recebimento de propina e Caixa 2.