Podem falar de tudo sobre Guilheme Wondracek, menos que ele tenha sido um delegado mal-sucedido. Desde quando era um jovem estreante na Polícia Civil, sempre guindou cargos que exigiam mais competência e complexidade. Ocupou as principais delegacias do principal órgão policial, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) – com destaque para Capturas e Roubos, na qual o policial não lida com principiantes, mas só com a nata dos assaltantes que comandam o crime organizado no Estado.
Foi responsável pela captura de dois dos principais ladrões de banco do Estado: Cláudio Adriano Ribeiro, o Papagaio (mais de uma vez, aliás) e José Carlos dos Santos, o Seco. Chefiou o Deic no governo Tarso Genro (PT), virou chefe de Polícia nesse mesmo governo e, para surpresa de muitos, continuou comandando os policiais civis gaúchos no governo rival ao dos petistas, o de José Ivo Sartori (PMDB).
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Wondracek foi minado por três fatores. Primeiro, por não ser ligado ao PMDB, do atual governante - outros delegados conectados a esse partido queriam a Chefia de Polícia e reclamaram. Segundo, porque os principais indicadores da criminalidade pioram a cada ano – não por culpa das polícias Civil e Militar, que se esforçam, mas o medo do cidadão ajuda a alimentar pedidos por troca nos cargos. Por último, Wondracek pode ter sido vítima de sua própria sinceridade.
Nunca hesitou em pedir que sejam nomeados mais policiais. Falou que, sem novos agentes, é difícil à Polícia reduzir os números de crimes. Ele também falou que temia ser assaltado, num arroubo de espontaneidade: falou como cidadão que já foi assaltado e culpou as leis frouxas pelo fato de bandidos estarem cada vez mais soltos pelas ruas. Em época de reclamações intensas por parte da comunidade, o secretário da Segurança Pública talvez tenha querido rifar a cabeça daquele que foi mais aberto e direto ao reconhecer o avanço do crime no território gaúcho.