
Depois da incerteza inicial, o mercado aos poucos vai fazendo leituras mais “comedidas” a cada rodada de novos tarifaços anunciada por Donald Trump — com a artilharia agora sendo direcionada para a China, como o novo percentual anunciado na quarta-feira (16). A cotação da soja na Bolsa de Chicago fechou com leve alta nos contratos com vencimento para maio – com o bushel (medida equivalente a 27,2 quilos) a US$ 10,3875, alta de 0,27% sobre o dia anterior.
— O grande impacto foi no primeiro anúncio (em 4 de abril). De lá para cá, o mercado se recompôs. Vai, paulatinamente, criando a ideia de que sairá um acordo paralelo entre China e EUA, e a questão agrícola estará na pauta — observa Índio Brasil dos Santos, sócio-diretor da Solo Corretora.
Na precificação trazida pela incerteza do início da guerra comercial, a soja caiu para patamares inferiores a US$ 10. Considerando o mesmo contrato de maio, o valor em 4 de abril ficou em US$ 9,7700, representando, então, queda de 3,41%.
Em reais, dois ingredientes têm alimentado a manutenção do preço da saca na casa dos R$ 140. A procura elevada pelo grão brasileiro faz com que se pague uma espécie de bônus na exportação, o chamado prêmio. Além disso, entra o componente da variação cambial.
— Apesar de uma safra gigante no Brasil, prêmios se mantêm altos em função de a China estar demandando (soja) — pondera Santos.
A produção brasileira de soja deve alcançar uma nova marca histórica, de 167,9 milhões de toneladas, apesar da quebra no Rio Grande do Sul. O resultado ruim na média do Estado faz com que o mercado gaúcho de soja esteja, na sua maioria, “congelado”.
— A grande maioria dos produtores está em “estado de congelamento”, vendendo o estritamente necessário para a manutenção dos custos de colheita e de área – completa o sócio-diretor da Solo Corretora.
A projeção é de que 30% da safra atual do Estado tenha sido comercializada até este momento. No dado mais recente da Conab, a colheita do RS foi estimada em 14,6 milhões de toneladas.