A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Em audiência de ação movida pelas associações de Vinhos Finos da Campanha Gaúcha e dos Produtores de Maçã, a Justiça deu prazo ao Estado de 30 dias para a entrega de documentos pendentes. O processo, aberto em 2020, pede o fim da aplicação do 2,4-D, herbicida hormonal, em razão da deriva.
Na avaliação das duas entidades, não houve melhora de 2019, quando foram emitidas as instruções normativas para aperfeiçoar a aplicação do defensivo agrícola, até 2020, quando entraram na Justiça. Agora, Valter Pötter, representante da Associação dos Vinhos Finos da Campanha Gaúcha, acredita estar ainda pior.
No entendimento de Ricardo Felicetti, diretor do Departamento de Defesa Vegetal da Secretaria Estadual da Agricultura, o número de ocorrências para herbicidas hormonais permanece "estável". A pasta soma 108 atendimentos neste ano — de suspeita de resíduo, não da comprovação da existência. Em 2023, foram registradas 82 ocorrências com positivo para o químico.
— Esse número fica baixo quando relacionado, por exemplo, com o número de prescrição de herbicidas hormonais no Estado. Só no 2,4-D, foram 120 mil prescrições emitidas por técnico recomendando o uso — compara Felicetti.
Mas, para 2024, o Estado não possui mais orçamento para fazer análises subsidiadas. O produtor afetado é quem está tendo de arcar com a despesa — o que pode comprometer o mapeamento final desses dados.
Considerando a região da Campanha, que é a que concentra o maior número de reclamações, o diretor pondera:
— O número é baixo (de atendimentos), mas, claro, o prejuízo é de grande monta para os produtores afetados.
O pico de ocorrência de deriva é entre outubro e dezembro, durante o período de plantio da soja no Estado.