A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O esgotamento de recursos do governo do Estado congelou temporariamente as análises de deriva de herbicidas hormonais no Rio Grande do Sul. Os R$ 200 mil disponibilizados pelo Estado e previstos para esse trabalho em 2024, a cargo da Secretaria da Agricultura, foram totalmente utilizados. No momento, as despesas estão tendo de ser custeadas pelos próprios produtores.
Na prática, faz com que muitos estejam optando em não fazer, assegura Valter Pötter, representante da Associação dos Vinhos Finos da Campanha Gaúcha:
— Os produtores não têm dinheiro para pagar. Já perderam tudo, seja com chuva, seja com o 2,4-D (herbicida hormonal).
De acordo com a secretaria, o comprometimento de recursos ocorreu pela grande demanda de análise de deriva na safra 2023/2024. Essa procura seria reflexo das dificuldades climáticas para aplicação, ocasionadas pelo El Niño, e do maior conhecimento dos produtores sobre a oferta desse serviço. Ao todo, 115 amostras foram coletadas.
Como os exames são a forma de confirmar ou descartar as suspeitas de deriva, gerando também dados para monitoramento do problema, o contexto atual é visto como um desestímulo pelos produtores de culturas afetadas. Pötter relata que tem agricultores pensando em plantar milho no lugar da uva já na próxima safra:
— Talvez seja esse o caminho.
Em nota, a secretaria informou que, para diminuir o custo, está realizando “combos” de análises por ingrediente ativo. Ou seja, está oferecendo a possibilidade de análises conforme as suspeitas decorrentes dos sintomas, que são identificados pelo Departamento de Vigilância Sanitária. O valor médio gira em torno de R$ 2 mil, redução de cerca de 50%, segundo a Agricultura.
Para 2025, a pasta já solicitou novos recursos.