O jornalista Danton Boatini Júnior colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, que retorna à Casa Branca após quatro anos, deverá provocar repercussões no agronegócio brasileiro. A possibilidade de uma guerra comercial com a China, por exemplo, é vista com atenção no mercado de grãos, em especial no caso da soja.
Segundo o professor Nilson Luiz Costa, chefe do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) - campus Palmeira das Missões, esse cenário deverá trazer impactos importantes na cotação da oleaginosa, porque o preço do grão no Brasil é influenciado pela bolsa de Chicago (CBOT), pela taxa de câmbio e pelo prêmio de exportações.
O discurso de Trump indica a adoção de políticas protecionistas, sobretudo em relação ao mercado chinês, principal consumidor da soja produzida no mundo. Esse cenário poderá favorecer a produção brasileira da oleaginosa.
— A depender dessa implementação destas práticas protecionistas no mercado norte-americano, é possível esperar que a China, novamente, assim como fez no ano de 2018, amplie suas importações do produto com origem no Brasil — avalia o professor.
Com isso, na avaliação de Costa, os prêmios de exportação e a própria taxa de câmbio, hoje em tendência altista, junto com as cotações de Chicago, tendem a apresentar valores mais atrativos aos produtores rurais brasileiros.
Trata-se de um filme que já foi exibido no primeiro mandato de Trump. A diferença desta vez, segundo Costa, é que em 2016, ano anterior à posse do republicano, a China diversificava mais suas importações de soja, comprando em torno de 52% do Brasil e 48% dos Estados Unidos. Atualmente, a soja brasileira abastece cerca de 70% do mercado chinês.
— Então essa redução das compras chinesas pela soja norte-americana tende a acontecer mantendo-se essa perspectiva de políticas protecionistas. Acredito que o impacto será positivo, mas não na mesma proporção que foi visualizada nos anos de 2017 e 2018 — resume Costa.