A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Depois de uma produção de trigo 24% menor, o clima adverso na safra passada no Estado voltou a trazer impactos negativos ao caixa do agronegócio brasileiro. Desta vez, pela importação do cereal. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Esalq/USP, o Brasil já importou, de janeiro a julho, todo o volume de trigo do ano passado, quando os embarques alcançaram 4,2 milhões de toneladas. A quantidade é recorde.
O analista da Safras & Mercados, Elcio Bento, recorda que a safra brasileira do cereal foi menor, de 8 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em função do clima no Estado. Excesso de chuva, ventania, granizo, enchente, nebulosidade e poucos dias de sol atrapalharam a produtividade das lavouras.
— E dessas 8 milhões de toneladas produzidas, quase 3 milhões nem eram trigo para ração (em razão da qualidade). Então sim, as exportações estão bem maiores — reforça o analista.
Ainda de acordo com Bento, a alta nas importações não é suficiente nem para cobrir o estoque de passagem — volume armazenado de cereal de uma safra para outra —, tamanho foi a quebra da produção.
A forte entrada de trigo estrangeiro tem ajudado, inclusive, a pressionar as cotações do cereal no mercado interno. Na terça-feira (20), no Rio Grande do Sul, o indicador Cepea/Esalq apontava para um preço médio de R$ 1.505,39 a tonelada, queda de 2,24% no acumulado de agosto.