A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Depois de a chuva varrer as lavandas de Morro Reuter em maio, a prefeitura e os produtores agora estão mobilizados para que a cultura volte a florescer o município. A meta é que os jardins se recuperem até a primavera. E todo o esforço para que isso aconteça até a próxima estação ocorre em razão do principal evento da cidade: a 6ª Festa Nacional da Lavanda, marcada entre os dias 18 e 21 de outubro.
— A comunidade se reinventou no município para aproveitar economicamente a lavanda. A flor está nos jardins, na gastronomia, nos cosméticos. Por isso a urgência em recuperar essas plantas. Toda essa cadeia precisa voltar a girar. E na festa se vende muito, muito mesmo — afirmou à coluna a prefeita de Morro Reuter, Carla Chamorro.
O município é o principal produtor de óleo de lavanda no Estado, com 20 hectares da flor. Cada um produz entre 24 e 25 litros de óleo por ano, que são direcionados à indústria de cosméticos.
Para manter esse pódio e auxiliar na recuperação, a prefeitura disponibilizou gratuitamente, via lei municipal, 12 mil mudas de lavanda. Os produtores também estão recebendo calcário, via governo do Estado, pelo programa para recuperação da fertilidade do solo.
Os danos
As precipitações afetaram 70% do cultivo, que é fonte de renda para 15 famílias no campo e atração turística para centenas de pessoas que visitam a cidade. De acordo com Evandro Carlos Knob, chefe do escritório da Emater em Morro Reuter, o principal motivo está em uma característica da lavanda:
— A flor não suporta solo encharcado. Agora, os lavandários estão com pouquíssima flor, alta mortalidade e alta incidência de fungo.
Outro fator que ajudou a somar prejuízos foi o timing da chuva: em maio, quando ocorre uma das duas podas da lavanda para extração do óleo. A outra é em outubro. É por isso que o produtor Celso Schuck olha para a terra onde antes era o seu jardim e afirma:
— Era para ter muita flor nessa época. É o auge da lavanda.
Dos 14,5 mil pés de lavanda na sua propriedade, Schuck estima que será necessário o replantio de pelo menos 4,5 mil pés.
— Esse ano, também não deve haver extração do óleo — projeta o produtor, que tem na flor a principal renda da família.