Uma solução "definitiva" para o passivo acumulado pelos produtores gaúchos, duas estiagens e uma catástrofe climática depois, é a principal preocupação do momento. Com a prorrogação dos vencimentos entrando na contagem regressiva de um mês, a necessidade de uma resposta aos pedidos encaminhados em maio, durante a enchente, torna-se cada vez mais urgente.
— Quem perdeu tudo e tem dívida no banco, como vai pagar? Para continuar (na atividade) tem de fazer novo financiamento — pondera Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).
A entidade defende que haja anistia para produtores familiares dos vencimentos previstos para 2024. Com a janela de tempo da prorrogação ficando cada dia mais curta, a Fetag-RS está com representantes em Brasília, neste momento, "para botar o assunto no centro da pauta de novo", ressalta Joel.
— Se não acontecer nada até o dia 15 (de agosto, data em que termina a prorrogação), tá todo mundo entrando na Justiça e perdendo crédito, e não sei como vão fazer a próxima safra — acrescenta Gedeão Pereira, presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
O dirigente tem conversado com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, sobre o assunto — ele poderá vir ao RS nos próximos dias. A retomada do diálogo veio a partir de reunião no dia 28 de junho, na sede da Farsul, em Porto Alegre, em que esteve presente o ministro da Reconstrução, Paulo Pimenta. Fávaro participou de forma virtual.
O principal pedido das entidades representativas é o da criação de linha de crédito, com 15 anos para pagar, tendo dois de carência. Solução que também tem sido reforçada em mobilização do Movimento SOS Agro. Um primeiro ato foi realizado em Cachoeira do Sul, e um segundo está marcado para a sexta (19), em Rio Pardo.
— Quanto mais o tempo passa, maior é o prejuízo. A prorrogação foi implementada nas instituições financeiras, mas a dívida do produtor não é só no banco. E quase todo mundo está sendo incluído no SPC e Serasa. Se, lá na frente, depois do dia 15 de agosto, o governo federal estabelecer uma solução, poucas pessoas terão acesso porque está todo mundo negativado. Não podemos esperar mais, tem de ser feito algo antes dessa data — afirma Graziele de Camargo, uma das coordenadoras do SOS Agro.
A produtora ressalta também que em eventual quebra do produtor, "o efeito cascata será terrível":
— Quebra uma cadeia atrás dele.