Em assembleia com associados, a Cooperativa Languiru, com sede em Teutônia, no Vale do Taquari, prorrogou por mais 12 meses a liquidação extrajudicial. E teve plano de enfrentamento da dívida aprovado. O
presidente-liquidante, Paulo Birck detalhou, com o superintendente administrativo e financeiro, Guilherme Marques, os próximos passos. Confira trechos da entrevista.
Por que é importante prorrogar a liquidação extrajudicial?
A liquidação extrajudicial, é para cooperativas similar a uma recuperação judicial para uma empresa. Ou seja, consegue-se ter um fôlego. É uma medida de proteção. Os processos (judiciais) acontecem, mas ficam suspensos em razão do procedimento da liquidação. Temos esse tempo para se organizar para montar um plano de como vamos fazer o enfrentamento, que é o que faremos agora.
A cooperativa teve prejuízo de R$ 469 milhões em 2023, mas a dívida vai além...
Sim, se pegarmos as perdas de 2022, as de 2023 e mais o patrimônio, é mais ou menos o que é computado como dívida. Nossa dívida é de R$ 1,084 bilhão. É a cifra que agora temos de começar a negociar com cada um dos credores.
No plano de ação, estão previstas a ampliação de parcerias e a retomada da compra da produção dos associados. Pode detalhar?
(o superintendente administrativo/financeiro, Gustavo Marques, explica)
Gustavo Marques: Precisávamos que esses nossos estudos fossem avalizados por uma empresa que tivesse “know how” e transmitisse confiança aos nossos credores. De fuma forma direta, sobre esse questionamento, nossas indústrias de latícionos, o frigorífico de aves e a fábrica de rações são os três segmentos que terão força suficiente, ao longo dos anos, para fazer o enfrentamento da dívida. São os que têm maior margem de operação e faturamento mais significativo. Os demais, agrocenters, UPL de suínos, matrizeiro de aves trabakham para um resultado menor, mas uma manutenção e presença da marca no regional. Esses principais negócios que têm e terão cada vez mais participação, são os que destinaremos atenção maior. As parceiras _ hoje no frigorifício de aves, com prestação de serviços para a JBS, na fábrica de ração, também produzindo em parceria para a JBS. Recentemente fizemos parceira de prestação de serviço de ração para outras cooperativas, empresas. Nossa planta tem capacidade de produção de 45 a 48 mil toneladas/mês. Estamos operando ainda com uma parcial ociosidade e teríamos espaço ainda para ampliar a parceira. Em relação à recompra dos nossos associados. A do leite é a que demanda menos esforço financeiro da cooperativa, porque temos uma parceria com a Lactalis de venda desse leite, onde a bacia leiteira continua com a Languiru. Tem alguns anos pela frente. É uma tranquilidade para a cooperativa e para o produtor. Nossa previsão é finalizar 2024 saindo de 25 mil aves/dia para 45 mil aves dia de processamento para a Languiru, reduziremos a prestação de serviço para a JBS e aumentaremos o número de aves próprias da Languiru. Para esse envolvimento, como a cadeia é de integração, temos de comprar o pintinho e custear toda a ração ao longo do ciclo e mais o prazo comercial a ser recebido depois. Esse fôlego financeiro estamos programados, dentro do planejamento, a construir nesse segundo semestre.
É possível fazer a recuperação da cooperativa?
É possível. O estudo da Markestrat mostra isso. Criou os cenários, qual o plano de pagamento que seria viável a cooperativa adotar para a lista de credores. Temos cenários. Pensando que a Languiru fique no cenário que está hoje com volume de captação de leite, em tornor de 6 milhõs de litros de leite, em torno de 25 mil aves/dia, pensando que colocando um plano de pagamento, com deságio, levaria 30 anos paa se pagar essa dívida. Em um cenário intermediário, subindo de 25 mil para 45 mil aves, captando em torno de 8 milhões de litros de leite por mês, vem para 11 anos. E em um cenário que a gente projeta que sria o ideal, 1o milhões de litros de leite por mês e 75 mil aves próprias, conseguiríamos enfrentar essa dívida em sete a oito anos. Precisamos que o associados volte com a produção, que o credor aceite o plano, faça a adesão ao plano. Quem aderir ao plano, nossa previsão é, com a sobras de julho, em outubro começar a fazer os primeiros pagamentos. Criamos um fundo, que são as sobras de um trimestre, que vai acumulando e paga-se no mês seguinte. É uma forma que a gente achou. E o credor ter a sensibilidade. É importante ele também aderir, da mesma forma, nosso associado voltar a confiar na cooperativa. Eu, como produtor associado, hoje na condição de presidente-liquidante, acredito na cooperativa, nas pessoas, na comunidade do Vale do Taquari, que, em conjunto, vamos conseguir fazer frente a esses compromissos.