O que começou como uma ação em Pelotas, na zona sul do Estado, ganhou força e transformou-se em movimento, que chegou à Capital e à Região Metropolitana. O Drenar RS, que reúne produtores, entidades e empresas, tem viabilizado o uso de bombas de lavouras de arroz para fazer a retirada da água das cheias. No momento, dois pontos estão com o sistema operando: um no Aeroporto Internacional Salgado Filho e outro em Novo Hamburgo. Os equipamentos são colocadas à disposição, e a indicação do local em que serão instalados vem sendo feita conforme a orientação recebida das prefeituras, explica Anderson Belloli, diretor jurídico da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS) — a entidade vem coordenando as ações.
Em Porto Alegre, nesta segunda-feira (27), sete bombas trabalham para a drenagem do alagamento na área do aeroporto. A água é puxada pela bomba, "movida" por um trator, e levada pelos canos até o rio. É exatamente o movimento oposto ao que costuma ser executado no cultivo do arroz, quando o equipamento costumar puxar a água para fazer a irrigação das lavouras. Produtor de arroz, soja e bovinos, Daniel Jaeger Gonçalves da Silva está ajudando a capitanear os trabalhos no entorno do Salgado Filho.
— Cada bomba ligada é uma gritaria, porque sabemos que estamos tirando litros e litros de água — conta Daniel.
Ele está desde quinta-feira passada (23) em Porto Alegre. Trouxe consigo funcionários da propriedade. Todos auxiliam na tarefa, que vem sendo executada nas 24 horas do dia. Nas primeiras quatro bombas instaladas, ainda no sábado, a capacidade é de retirada de 250 litros de água por segundo. Nesta segunda, mais duas entraram e uma terceira se preparava para entrar em operação, com capacidade de drenar até 600 litros por segundo.
— De um lado, tem o aeroporto com água parada. Do outro, o rio. Colocamos as bombas para a drenagem dentro do aeroporto. A água puxada é levada pelos canos para o rio — explica o produtor, sobre o funcionamento.
Os canos de plástico de grandes diâmetros são sustentados com a ajuda de estruturas de madeira. Do oferecimento de bombas, passado pela logística de transporte, até a mão de obra, tudo é fruto de doações e voluntariado (leia mais abaixo). A empresa Agrimec, especializada na produção de equipamentos voltados à lavoura de arroz, disponibilizou sete bombas para as drenagens. As estruturas funcionam com a ajuda de um trator (sem a necessidade de energia elétrica.
— Na parte traseira do trator se engata um eixo cardan (que transmite a energia gerada pelo motor). É um tipo de bomba bem versátil — explica Rafael Miranda, gerente de marketing da Agrimec.
A tecnologia desenvolvida pela empresa começou a ser produzida no final da década de 1980. Sobre a motivação para participar do Drenar RS, Miranda diz:
— Poder levar essa tecnologia é motivo de felicidade. Foi um impulso bem natural, não pensamos duas vezes.
Da mesma forma, o produtor Daniel foi guiado pelo espírito solidário. Mesmo em plena safra, veio oferecer ajuda em uma atividade que requer uma expertise que ele tem do cultivo na várzea. E se diz muito feliz de ver o agro conseguindo ajudar a cidade.
— Tem sido um trabalho de muitas mãos — enfatiza o diretor jurídico da Federarroz-RS.
O Drenar RS
- O projeto Drenar RS tem a participação de Federarroz, WR, InfoSafras, Gebras, Agropecuária Canoa Mirim, Expoente, Numerik, CCM, Garanto, Grupo Cavalhada, Instituto Caldeira e Idealiza, juntamente com outros voluntários
- Agrimec, SLC John Deere, Sotrima Massey Fergusson, Grupo Ceolin e Tomasetto Engenharia também ajudaram, de forma voluntária na ação
- O Exército tem atuado na logística