A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
É na engrenagem de uma corrente colaborativa de informações que a produção de alimentos no Rio Grande do Sul, afetado pela sua maior catástrofe climática, trabalha para garantir o abastecimento da população. A partir de redes de conversa com cada microrregião produtora, extencionistas rurais da Emater-RS mapeiam onde há itens disponíveis e conectam os agricultores aos pontos de comercialização no Estado, como a Ceasa.
A articulação se dá por contato via Whatsapp e parcerias com entidades rurais como Fetag-RS e Fetraf-RS ajudando no meio de campo direto com os agricultores.
O trabalho é uma das frentes que tem ajudado a manter a operação da maior central do Rio Grande do Sul, mesmo em local improvisado. Desde que passou a funcionar às margens da freeway, a Ceasa tem ampliado a participação de produtores a cada dia. Apesar dos danos generalizados pela enchente, há regiões menos afetadas onde a chuva foi possível de lidar.
— Dobramos a estrutura de produtores e consumidores nos últimos dias. Tivemos que estimulá-los a fazer isso porque estão todos em momento de muita insegurança. Mas já vemos que valeu a pena a comunicação prévia — diz o gerente técnico estadual adjunto da Emater, Luis Bohn, que orienta os trabalhos.
Os mapeamentos permitem identificar os produtos que estão em falta. A banana, por exemplo, começou escassa em oferta na nova Ceasa, mas nos próximos dias já deve aparecer em maior quantidade, a partir do acionamento dos produtores.
Outras articulações estão sendo construídas, como a retomada das feiras no Litoral. A região das praias tem abrigado milhares de pessoas nas últimas semanas, sobretudo as que deixaram Porto Alegre quando a enchente se alastrou.
— Estamos falando com os produtores para que eles apareçam. Não se trata de momento de negócio, e sim de levar comida. As estradas não estão fáceis. Tem que ter toda uma boa vontade do produtor e estamos nesta ponte — diz Bohn.