O laudo técnico aponta a quantidade exata de arroz perdida para a falta de energia: 2.150 sacas. Essa é a conta parcial do prejuízo "colhido" após o temporal do dia 21 de março na propriedade de Laura Bretanha, em Jaguarão. Sem passar pelo processo adequado de secagem e armazenagem, o cereal ficou impróprio para o consumo. Doze dias depois, histórias como essa se multiplicam em municípios como Dom Pedrito, Bagé, Pinheiro Machado, Piratini, Herval e Arroio Grande. Uma situação que preocupa a Federação das Associações de Arrozeiros (Federarroz-RS), sobretudo em um ciclo marcado na largada pelos efeitos do excesso de chuva.
— O objetivo, neste momento, é atenuar as perdas, no sentido de reestabelecer o fornecimento de energia elétrica. Hoje, o pessoal está preocupado em tentar evitar um prejuízo milionário para as lavouras — explica Anderson Belloli, diretor jurídico da entidade.
Para além da estruturas de secagem de grão, que não funcionam sem eletricidade, outra ação inviabilizada é a de levar água até as lavouras (a cultura é praticamente 100% irrigada no Estado). Normalmente, a maior parte das plantações estaria já na etapa de colheita, em que isso não é mais necessário, mas houve atraso no plantio, por conta dos efeitos do El Niño.
— Não se consegue secar e armazenar. Estamos procurando secagem de terceiros, da indústria, pagando fretes mais caros e tornando ociosa nossa estrutura. É um prejuízo incalculável — lamenta o produtor Fernando Moraes de Mello, administrador da Granja Sobrado, de Jaguarão.
Com duas estruturas de secagem de grãos, está podendo usar apenas uma, que fica em área onde a luz voltou. Ao todo, são 2,5 mil hectares cultivados com grãos (arroz e soja), além da atividade de pecuária. O produtor acrescenta que, mais do que a energia em si, faltam informações da CEEE Equatorial, que atende esses locais.
— O prejuízo cada dia é maior — reforça Laura.
Procurada, a CEEE Equatorial ainda não enviou seu posicionamento sobre a situação.