A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Há duas formas de se avaliar os resultados projetados para a safra de verão no Rio Grande do Sul: comparados com o que se esperava no início do ciclo e em relação à produção passada. A diferença entre esses dois cenários fica evidente no 6º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta terça-feira (12).
O olhar sobre a colheita passada, quando a estiagem impôs perdas ao Estado, mostra um crescimento expressivo da produção de grãos: 45,7% no total, com 40,18 milhões de toneladas. No recorte com o potencial esperado no começo do cultivo, produtos como o milho e o arroz vêm tendo ajustes no volume, à medida que as colheitadeiras avançam nas lavouras.
E fazem com que a produção de verão tenha tido uma revisão para baixo, de 1,6%, sobre o levantamento anterior. Na avaliação do gerente de Desenvolvimento e Suporte Estratégico da Superintendência Regional da Conab no Rio Grande do Sul, Márcio Schorr, é inegável que a safra 2023/2024 marque uma "retomada de produção".
— Mas a produtividade está baixa sobre o potencial produtivo das lavouras. Não é uma quebradeira. Nas últimas cinco safras, é a melhor do que quatro delas. Só que está muito aquém (em relação ao potencial da produtividade) — pondera Schorr.
No arroz, cultura que tem 70% da produção nacional no Estado, a projeção atual da Conab é de que chegue a 7,47 milhões de toneladas na safra 2023/2024, volume 7,7% maior do que o da safra passada, mas 2,5% a menos do que no levantamento divulgado em fevereiro pela instituição. Para Schorr, o atraso na semeadura e o reajuste da área por causa da chuva contribuíram com esse cenário:
— O preço durante o ano passado esteve em patamares bem altos, deu ânimo para os produtores aumentarem a área, mas choveu demais, e os produtores não conseguiram plantar tudo o que queriam.
Tanto que, no levantamento de fevereiro, a projeção era de 923 mil hectares plantados com o cereal, alta de 7% na comparação com a safra passada. Em março, foi revisado para 900 mil hectares, alta de 4,3% na relação com 2022/2023.
A semeadura fora da janela de plantio, continua Schorr, também influenciou para uma menor produtividade das lavouras:
— Já se sabia que iria acontecer.
No milho, o cenário foi similar. A chuva da primavera afetou o desenvolvimento do grão no Estado, principalmente das lavouras do cedo. Com uma produção estimada em 5,24 milhões de toneladas, a colheita do Estado deve ser 40,3% maior do que a passada, castigada pela estiagem. Ainda assim, é 2,6% menor do que a prevista no dado anterior.
Na soja, a estimativa da Conab se manteve de fevereiro para março: de 21,89 milhões de toneladas, um aumento de 68,1% se comparado com a safra passada, também enxugada pela seca. O volume, aliás, é o maior da história registrado pela companhia. Schorr, no entanto, projeta que possa haver alguma redução a partir do próximo levantamento:
— Houve atraso na semeadura que, assim como no arroz, é um fator que por si só impacta na produtividade. E a chuva, que foi boa em janeiro, faltou até meados do carnaval, o que também deve influenciar — avalia.