Com o plantio da nova safra sendo feito sob o impacto do tempo — em partes do país o excesso, em outras a falta de chuva — os prognósticos da produção brasileira de grãos a ser colhida em 2024 sinalizam o efeito do clima sobre o resultado. Tanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) quanto o IBGE apontaram, nos levantamentos divulgados nesta quinta-feira (07) uma colheita menor em relação à deste ano. O Rio Grande do Sul, por ora, se mantém na contramão dessa perspectiva nacional, com estimativa de crescimento em volume, que reflete a recuperação do que foi perdido para a estiagem no verão de 2023.
Para a Conab, a produção brasileira do ciclo 2023/2024 deve somar 312,3 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 2,4% na comparação com o período anterior. Reflexo da baixa ocorrência de chuva e das altas temperaturas registradas no Centro-Oeste, e do excesso de precipitações no sul, em especial no RS.
— O comportamento do clima neste ano é o fator mais determinante para as culturas que estão em plantio e em desenvolvimento, em função do El Niño. Além disso, os atrasos no plantio da soja abrem incertezas para o milho 2ª safra — observou Sílvio Porto, diretor de Política Agrícola e Informações da Conab.
Apesar das dificuldades no plantio, como o atraso no Estado por conta do excesso de umidade, a safra nacional de soja se mantém com perspectiva de elevação, de 3,6%, somando 160,78 milhões de toneladas. Após dois ciclos consecutivos em que a estiagem prejudicou a colheita, o Rio Grande do Sul tem, neste momento, a projeção de um aumento de 68,1% na colheita da oleaginosa, indicando a recuperação das toneladas perdidas nos períodos sem chuva.
Para o IBGE, a produção de 2024 está projetada em 306,2 milhões de toneladas, queda de 3,2% ante o volume de 2023. Para a soja, a estimativa é de novo recorde, com 152,5 milhões de toneladas, leve alta de 0,6% em igual comparação. O órgão também aponta recuperação do volume no Rio Grande do Sul.
O tempo da última semana permitiu um avanço no plantio de soja no RS, reduzindo o atraso. Conforme a Emater, a semeadura chegou a 76% da área total estimada, um atraso de 10 pontos percentuais na comparação com a média dos últimos cinco anos e de quatro pontos percentuais na comparação com igual período do ano passado.
As projeções de entidades ligadas ao agronegócio vêm trazendo a perspectiva de que o Brasil tenha uma safra um pouco menor no próximo ano, justamente por conta das condições atípicas (e opostas) do tempo.