A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Ainda que esteja perdendo força nos últimos meses, a queda no preço do leite ganhou outro ingrediente com a chegada do verão: a demanda enfraquecida. É o que explica, na avaliação da indústria, o valor menor de referência projetado pelo Conseleite para o litro do leite pago ao produtor em dezembro no Estado. Divulgado nesta quarta-feira (27), o preço estimado é de R$ 2,0619. Valor 0,95% abaixo do consolidado de novembro, que ficou em R$ 2,0817.
Coordenador do Conseleite, que é o conselho paritário que reúne indústrias e produtores gaúchos, e secretário-executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios do RS (Sindilat), Darlan Palharini explica que o recuo apontado é reflexo do cenário de fim de ano:
— É normal de ter uma oferta maior do que o consumo neste período. No final de ano, as pessoas buscam mais gorduras, como cremes e natas, para as festas natalinas. E pelo período de férias escolares, boa parte das crianças não acorda para o café da manhã.
O problema, explica Eugênio Zanetti, vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), nem é a queda, já que o cenário aponta para uma estabilização.
— O problema é que essa estabilidade "se estabilizou" em um patamar muito baixo, que sequer cobre o custo de produção — completa o dirigente, que representa os produtores pela entidade.
E, para janeiro e fevereiro, não há perspectiva de melhora. Esses meses são, segundo Zanetti, historicamente de baixo consumo de lácteos.
Palharini também cita a volta do Fator de Ajuste de Fruição (FAF), que aplica um percentual gradativo sobre os créditos presumidos das empresas quando compravam insumos de outros Estados, como prejudicial ao setor.
— A gente estimou que isso vai representar em 2024 em torno de R$ 65 milhões de aumento de arrecadação de ICMS — acrescenta o coordenador do Conseleite.
A projeção do Conseleite considera os primeiros 20 dias do mês. Em janeiro, o conselho divulgará o valor consolidado que foi pago pelo litro de leite no Estado. Atualmente, 90% da industrialização de leite in natura vira queijo, leite UHT e leite em pó no Estado.