A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Demanda do setor produtivo, a antecipação do cronograma que prevê aumento gradual do percentual de biodiesel no diesel foi comemorada pela Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio). É que a medida do governo federal, que passará o percentual de 12% para 14% a partir de março de 2024, pode dar gás, principalmente, ao agronegócio gaúcho. Com nove indústrias instaladas, o Rio Grande do Sul é o maior produtor do biocombustível no país.
Entre os benefícios à vista, o presidente do Conselho de Administração da Aprobio, Francisco Turra, cita a maior rentabilidade na cadeia produtiva da soja — afinal, o biodiesel é composto por óleo vegetais, como o de soja, e gordura animal.
— O produtor de soja vai agregar valor ao seu negócio, o que é fundamental — avalia Turra.
E a agricultura familiar entra no rol desses produtores beneficiados. Conforme Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), parte matéria-prima no Estado está reservada para este grupo.
Com o maior esmagamento do grão, de 28 milhões de toneladas neste ano para 38 milhões de toneladas em 2024, haverá também a produção de mais farelo, ingrediente que compõe a ração animal.
— Isso deve gerar mais disponibilidade de carnes, leite e ovos. Vai ajudar, inclusive, a baratear a produção desses alimentos — defende Erasmo Battistella, diretor-presidente da BSBios e diretor do Conselho de Administração da Aprobio.
Mas essa retomada também não ficou imune às críticas. Battistella lembra que esse crescimento está atrasado e há empresas com capacidade ociosa aguardando "uma demanda prometida":
— Nós já deveríamos estar em 15% de mistura.
O percentual, atualmente estabelecido em 12%, passará para 14% a partir de março de 2024 e para 15% (B15) em 2025.