A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Depois de uma longa jornada de queda, a curva dos custos de produção inverteu o sentido. A alta de 4,47% no índice calculado pela o pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul) em agosto é a primeira após 14 meses de recuo, que seguiram a maior alta da série histórica.
Assim como nas baixas, o aumento foi puxado pelo fertilizante — um dos insumos que formam as despesas do produtor na formação da lavoura.
Para a economista da Farsul Danielle Guimarães, três são os principais fatores que explicam esse cenário "de inflexão": as altas do dólar e do petróleo e a proximidade do início do plantio da safra de verão.
— O dólar sempre influencia nos custos, já que uma série de insumos que compõem o custo de produção são importados. O petróleo, porque é matéria-prima do fertilizante. E, em agosto, normalmente se vê alta pela lei da oferta e da procura. Mais gente sai às compras para adquirir tudo o que precisa para plantar a próxima safra — esclarece a economista da Farsul.
É por isso também que Danielle estima que pelo menos parte dessa alta seja pontual — ou seja, pode não se repetir nos próximos meses. E pondera:
— Teremos de observar o que acontecerá nos próximos meses para saber se isso foi um ponto fora da curva ou se vai virar uma tendência.
No leite, o custo também teve alta. No Índice de Insumos para Produção de Leite Cru (ILC) de agosto, o crescimento foi de 3,79%, segundo a Farsul. Contribuíram os preços altos do milho e da soja, a alta nos fertilizantes, combustíveis e energia elétrica, a valorização do barril do petróleo e o reajuste das tarifas elétricas.
Mesmo com preços das commodities em alta
Embora os preços recebidos pelo produtor também tenham crescido, segundo outro cálculo da Farsul, a economista entende que é difícil dizer se já fazem frente ao tamanho da alta dos custos.
O Índice de Inflação dos Preços Recebidos pelos Produtores (IIPR) apresentou inflação de 4,25% em relação ao mês anterior. O que tem puxado esse valor para cima é a quebra de safra prevista para os Estados Unidos, com impacto sobre as cotações internacionais, e o preço do arroz no Rio Grande do Sul, com oferta mais ajustada e exportações em alta.