Um dos principais ingredientes da alta no custo dos setores de carne e leite nos últimos dois anos, o milho registra agora um movimento de queda de preços. Somente nos últimos 30 dias, segundo dados do Cepea/Esalq, a cotação média caiu 30,72% — fechando a R$ 56,04 a saca na sexta-feira (19). Os patamares atuais, inferiores a R$ 60, são os menores em termos nominais desde setembro de 2020. E refletem, entre outros fatores, a perspectiva de produção nacional recorde — a segunda safra deve ter volume 12% maior, segundo a Conab.
E qual o impacto desse recuo para quem tem no grão um dos principais ingredientes da ração animal? De alívio nas despesas, ainda que não imediato.
— Trará um alívio, mas teremos um período que ainda chegará a matéria-prima produzida com o custo de produção em alta. Só lá por setembro, outubro que chegarão suínos com custo diferenciado — estima Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips).
Esse “delay” tem relação com o ciclo produtivo — no caso dessa proteína, em torno de 10 meses. Mesmo com período menor — o animal fica pronto para o abate em 42 dias —, o frango que está chegando na indústria ainda é o que se alimentou com milho a preços mais elevados. Até porque as compras de insumos são feitas de forma programada.
— O (recuo no preço do) milho ajuda na recuperação do equilíbrio das empresas, especialmente as que não tinham exportação. Mas o frango que está na gôndola foi produzido quando o milho estava custando mais de R$ 80 — observa Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Dados da Embrapa Aves e Suínos apontam que, em abril, o custo de produção caiu 6% sobre março, com o item nutrição puxando esse recuo.