A virada de chave para o arranque na primeira venda no Brasil de um trator movido a biometano foi dada em Brasilândia, no Mato Grosso do Sul. Com produção de biogás preexistente, a SF Agropecuária se tornou a primeira compradora do trator movido 100% a biometano da fabricante New Holland.
Diretor da agropecuária, Fábio Pimentel de Barros explica que a decisão do investimento na máquina, com preço cerca de 30% superior ao veículo movido a diesel, foi movida por três fatores:
— Por ser ambientalmente correto, por questão de economia e por ser estrategicamente importante.
A economia a que se refere vem do desempenho do trator. Nos últimos 45 dias em que o trator ficou em testes, Barros explica que a economia gerada em combustível chegou a 40% na comparação com o convencional. Segundo a fabricante, a redução nessa despesa é estimada entre 25% e 40%. Outro benefício apontado é 80% menos de emissões.
— A produção e a utilização de biometano em substituição a combustíveis fósseis é algo que tem um caminho (potencial) muito grande — acrescenta Cláudio Calaça, diretor de mercado Brasil da New Holland.
A perspectiva é endossada por dados: as mil plantas de biogás do país geram 2,3 bilhões de metros cúbicos por ano no país. Esse volume representa 3% do potencial total, segundo dados da Associação Brasileira do Biogás (Abiogás) citados por Calaça.
Para além do equipamento em si, é necessário ter tido um ecossistema desenvolvido para viabilizar o uso. A New Holland fechou parceria com a Air Liquide, FPT, Iveco, Sebigas Cotica e TMA.
No caso da SF Agropecuária, que já tinha os biodigestores, o investimento que teve de ser feito foi de R$ 1,7 milhão para o equipamento de purificação, usado para a transformação do biogás em biometano. Por lá, o modelo é “flex”: o biodiesel pode ser usado para gerar energia ou biometano. A capacidade de produção é de 50 metros cúbicos de biogás por hora, que gera de 27 a 30 metros cúbicos de biometano por hora.
— De maneira geral, fala-se em investimento de R$ 2 milhões. O retorno varia conforme o uso, mas varia na casa de dois a quatro anos — completa Calaça.
O protótipo do T6 Methane Power foi apresentado no Brasil em 2018. No ano passado, foi oficialmente lançado. Com outras negociações em curso, tem potencial de fechar o ano com 10 unidades vendidas.
— A novidade é ter a transformação do biogás em biocombustível. Tem um aspecto ambiental, mas também de economia — reforça Antonello Moscatelli,consultor da CNH Industrial para biogás e biometano.
*A colunista viajou a Brasilândia a convite da New Holland