O ponteiro da colheita de soja no Rio Grande do Sul vai devagarinho saindo do lugar. Levantamento semanal da Emater-RS aponta que chegou a 1% dos 6,51 milhões de hectares cultivados. E, em meio a uma nova onda de calor e tempo seco ou de pouquíssima chuva, o quadro de grande variabilidade de rendimento nas lavouras é reforçado. Pelo percentual pequeno, é cedo para um retrato geral, mas, nas primeiras amostras colhidas, a produtividade tem ido dos 300 aos 3 mil quilos por hectare — ou seja, de cinco a 50 sacas.
A chuva registrada na segunda semana de março em pontos do Estado ajudou no desenvolvimento das lavouras, mas não foi tão expressiva a ponto de fazer frente ao momento atual de temperaturas elevadas.
— As precipitações foram boas, mas para poucos dias. A soja vem se desenvolvendo, formando grão com dificuldade, mas formando grão. A situação de altas temperaturas e tempo seco novamente não é a condição ideal para o desenvolvimento da cultura — avalia Tiago Sartori, vice-presidente da Cotripal, cooperativa com sede em Panambi, no Noroeste.
Localizada em uma região com condições mais favoráveis do que em outras partes do Estado, foi beneficiada pela chuva recente. No campo experimental da cooperativa, a produtividade do que começou a ser colhido tem ficado perto de 30 sacas por hectare. Sartori explica que, em relação ao ano passado, é um número “um pouco melhor”. Ainda assim, em relação ao que se tinha de expectativa no início deste ciclo, deve haver um recuo de 40%.
— Março é um mês muito importante para a safra gaúcha, especialmente nos anos em que a semeadura ocorre um pouco mais tardiamente. Muitas lavouras ainda dependem de bastante umidade. Altas temperaturas não são bem-vindas e podem trazer prejuízos ainda maiores para a safra do RS — pontua Geomar Corassa, gerente de pesquisa da CCGL e coordenador da Rede Técnica de Cooperativas (RTC).
E se no campo as condições climáticas intensificam as preocupações, fora dele, a espera por medidas apontadas como importantes para amenizar as perdas se mantém. Comitiva da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) está em Brasília buscando respostas para pedidos que incluem o rebate de 35% nos financiamentos de produtores afetados pela estiagem e que não tinham seguro ou Proagro.