As cores preta e dourada na embalagem, características do pássaro veste amarela, contrastam com o tom alaranjado do líquido na garrafa que traz uma das inovações da Vinícola Guatambu, de Dom Pedrito, na Campanha. Com o mesmo nome da ave que voa sobre o Pampa e está ameaçada de extinção, o rótulo traz a segunda safra de vinho laranja, produzida sob medida para atender consumidores ávidos por novidades. Mas e o que ele tem de diferente? A enóloga Gabriela Pötter explica:
— É vinificado com as cascas e a semente. Feito como o vinho tinto, só que com uma variedade de uva branca, a chardonnay.
A produção de vinho laranja teve início em 2020, a partir da demanda de clientes de São Paulo. No primeiro lote, vendido em 2021, foram apenas 1,5 mil garrafas. A novidade caiu no gosto dos compradores e também rendeu o prêmio de vinho reveleção pelo Guia Descorchados, que traz avaliações de rótulos da Argentina, Chile, Uruguai e Brasil.
Na segunda leva, de 2022, o volume aumentou, para 3,5 mil garrafas. E trouxe outro ingrediente: parte foi produzido em ânforas, importadas da Argentina.
— O processo dentro da vinícola é que faz toda a diferença. É um vinho que tem muito mais corpo do que um vinho branco mais tradicional — completa Gabriela.
O nome Veste Amarela já estava registrado no INPI pela vinícola e acabou sendo o escolhido para o vinho laranja. A ave referida é encontrada na Estância Leões, onde ficam vinhedos da Guatambu.
A homenagem ao pássaro também evidencia a pegada de sustentabilidade presente na marca que celebra em 2023 10 anos de vinícola e 20 de implantação dos vinhedos. Hoje, conta com três conjuntos para a produção de energia renovável, que supre 100% da demanda partir do sol. As 1.496 placas fotovoltáicas geram 490 mil quilowatts por ano. Um quarto deve ser instalado em breve, para gerar a energia que será utilizada na residência da cidade da família Pötter.
Além disso, o proprietário Valter Pötter investiu na produção de bioinsumos, que são usados na produção da Guatambu. E tem apostado na chamada agricultura regenerativa.
— Seguimos sempre inovando, buscando alternativas para trabalhar com mais sustentabilidade — diz Pötter.