Além de gerar impactos econômicos nas lavouras e nos campos, como já tem acontecido no Rio Grande do Sul, a estiagem também pode influenciar o ciclo de doenças nos animais. É o caso da raiva em herbívoros, como bovinos, ovinos e suínos.
A doença, causada por um vírus, é transmitida pela mordida de morcegos hematófagos, que atacam os animais para se alimentar do seu sangue.
Se o cenário de falta de chuva persistir, a contaminação de raiva pode ser ainda maior que em 2022, quando a Secretaria da Agricultura contabilizou 109 casos, mais que o dobro que o registrado no ano anterior — foram 48 em 2021. Isso porque a estiagem aumenta o estresse entre os mamíferos voadores.
— A estiagem do ano passado teve um papel importante nesse crescimento, pois provocou estresse nas colônias de morcegos, o que aumenta as agressões ao rebanho. Esse ano, de novo, temos seca — esclarece o analista ambiental André Witt, do Programa de Controle de Raiva Herbívora.
Em 2022, a maior parte dos casos, 99, foram registrados em bovinos e nos meses de julho e agosto, quando os morcegos nascidos no verão já são jovens-adultos e começam a formar colônias.
— Com fome pela seca, os animais vão brigar ainda mais para encontrar um abrigo — detalha o analista ambiental.
Até o momento, neste ano, 10 focos já foram registrados no Estado.
Para evitar essa projeção, a recomendação é que o produtor rural vacine o seu rebanho ainda no verão, para que os animais consigam produzir anticorpos até o inverno.
Saiba mais
- Alguns esconderijos habituais desses animais são troncos ocos de árvores, cavernas, fendas de rochas, furnas, túneis e casas abandonadas, entre outros
- Quando mordidos, os animais apresentam sintomas como irritação, isolamento, produção de saliva excessiva e até morte
- A orientação aos produtores rurais é de que, ao localizarem refúgios de morcegos ou caso algum dos seus animais apresentarem sintomas, comunicar a Inspetoria ou o Escritório de Defesa Agropecuária do município
- O produtor também não deve mexer no animal sintomático, para não contrair o vírus
- A vacina contra essa doença pode ser aplicada pelo próprio produtor e comprada em qualquer agropecuária, a preços que variam de R$ 10 a 15 por dose por animal
*Colaborou Carolina Pastl