Você sabia que as bandeiras, além de representarem países e Estados, também carregam símbolos da produção agropecuária local? Por se tratar da principal economia de séculos atrás, quando foram criadas. Na próxima segunda-feira (16), começa uma exposição no Museu Luiz de Queiroz, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), que se propõe a mostrar exatamente isso: a Agricultura nas Bandeiras.
Na exibição, que é gratuita e se estende até 9 de março, haverá 30 bandeiras de 30 países diferentes, que existem ou já existiram, e um texto com suas respectivas relações com o setor. Entre elas, estará a de um país que foi centro de um dos conflitos que marcou 2022 e ainda mexe com o mundo: a Ucrânia.
Bicolor, o azul da bandeira ucraniana significa a vastidão do céu. E o amarelo, os campos de cereais, que são abundantes no país, que hoje é um dos principais produtores mundiais de trigo.
— É interessante notar que não se tem símbolos étnicos. Apenas a paisagem agrícola, que é compartilhada por diversos países que integravam a União Soviética. Um exemplo da importância de se conhecer as bandeiras — afirma o professor de Geografia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo Tiago José Berg, que idealizou a iniciativa, referindo-se a questões geopolíticas que envolvem a região.
E a mostra não se resume a países europeus, continua Berg. Na Ásia, o branco da bandeira do Tajiquistão, por exemplo, que estará na exibição, representa os seus campos de algodão. Na América do Sul, o verde do Brasil, além das matas, representa a agricultura brasileira. Que, na época da criação da bandeira, na proclamação da República, era dominada pela produção de café. Na África, a bandeira de Angola traz um facão no centro, ferramenta de trabalho utilizada pelos camponeses no meio rural à época da sua criação.
Embora não faça parte da exposição, a bandeira gaúcha também faz referências ao setor, continua Berg:
— O verde representa o pampa gaúcho; o amarelo, as riquezas naturais; o vermelho, o entusiasmo e a coragem do povo gaúcho. No brasão, além das armas, há um campo ondulado no fundo, que representa as coxilhas, mais uma vez trazendo a tradição da criação bovina. E há também duas folhas, uma identificando a erva-mate e a outra, o fumo, importantes riquezas agrícolas da época dos farroupilhas.
Saiba mais
- A exposição surgiu do mestrado e do doutorado de Berg, que tinha como foco o estudo geográfico de símbolos, como hinos e bandeiras
- Considerando que a Esalq tem curso de Agronomia, o professor adaptou o seu trabalho às questões especificamente do agro e lançou a ideia da exposição ao museu
*Colaborou Carolina Pastl